(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
Nos primeiros sete capítulos estudamos as ofertas e agora chegamos ao sacerdócio. Se o pecador precisa de um sacrifício, o crente também precisa de um sacerdote para exercer o serviço que lhe foi confiado. Um sacerdote era alguém que se colocava entre Deus e Seu povo. Nós também precisamos de alguém que se coloque entre um Deus santo e nós, pecadores. E temos alguém assim em Cristo; leia 1 Timóteo 2:5. Ele é nosso Sumo Sacerdote no céu diante de Deus agora, leia também Hebreus 4:14.
Cristo é tanto um quanto outro, Ele é nosso sacrifício e nosso sacerdote. É Ele quem ofereceu a si mesmo, como a vítima perfeita, para nos colocar em um relacionamento com Deus, e agora é Ele também Aquele que realiza as funções de Sumo Sacerdote para nos manter nesse relacionamento. Era necessário que Ele se tornasse a oferta antes de se tornar o Sacerdote.
Em Êxodo 29 vimos as instruções dadas por Deus a Moisés para a consagração de Arão e seus filhos. Chegou o momento desta cerimônia acontecer. Toda a congregação de Israel se ajunta na entrada do tabernáculo para contemplar Aarão vestido com as vestes de glória e beleza. Em relação a nossa fé, a visão que a epístola aos Hebreus nos apresenta é muito maior, por isso, ela é chamada de "a carta dos céus abertos". Ela nos convida a "considerar a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão", vestido de todos os atributos gloriosos do Seu sacerdócio (Hebreus 3:1).
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.
(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
Como uma figura da comunhão do crente com Deus e com seus irmãos, a oferta pacífica era a única oferta em que cada um recebia sua porção. Deus tinha Sua parte, a gordura e o sangue, que nos lembram Seus direitos sobre nossa devoção e toda nossa vida. Deus insiste para que a gordura de qualquer oferta nunca fosse consumida, pois ela fala da energia da devoção do Senhor a Seu Pai e, portanto, era somente para Deus. O sangue nunca deve ser comido, e isso é tão verdadeiro hoje como era nessa época (Atos 15:28-29). Quanto à ingestão de gordura, isto era proibido apenas nos casos de animais sacrificados (versículo 25). Mas qualquer que comer sangue era punível com a morte, segundo a lei (versículo 27). Tal sentença não deve ser realizada sob a graça, embora comer sangue é tão seriamente errado hoje como sempre foi. Pois "o sangue é a vida", e devemos reconhecer os direitos de Deus como “O que dá vida”.
Os versículos 28 a 36 mostram que Arão e seus filhos tinham uma parte especial. Embora seja uma continuação da oferta pacífica, é novamente afirmado “Falou mais o SENHOR a Moisés” (versículo 28). Arão é uma figura de Cristo, e seus filhos, os santos de Deus como adoradores. Eles ficavam com o peito movido e a espádua (ombro, versão Darby) alçada (versículo 34), imagem para os remidos da afeição e força que pertencem a Cristo e aos Seus. O sacrifício, evidentemente, fala de Cristo sacrificado no Calvário, mas o peito movido é uma figura do amor de Cristo, indica o calor de Seu amor fluindo agora, a comida maravilhosa para os verdadeiros adoradores se alimentarem. O ombro direito – oferta alçada, representa a ressurreição de Cristo - era para o sacerdote que tinha feito a oferta. Enquanto a oferta movida simboliza Sua ascensão e exaltação celestial, o ombro é uma figura da força, do poder da ressurreição de Cristo. Amor e poder estão combinados nEle. Ele teve o Seu gozo em entregar-Se a Deus.
Isto encerra o assunto das ofertas. Juntando tudo representam a perfeita, porém variada, obra de Cristo na cruz. O tempo que você usar meditando sobre estas ofertas será ricamente recompensado. Deus não usaria sete capítulos se o assunto não fosse importante. Nossos pecados fizeram da cruz algo necessário.
Por fim, o próprio adorador encontrava seu sustento lá. Observe que a comida dos sacerdotes dependia das ofertas pacíficas. A energia espiritual que o crente utiliza no serviço do Senhor flui da comunhão que ele desfruta com o Senhor Jesus. As duas epístolas aos Coríntios confirmam isso. A primeira epístola trata da comunhão, a segunda do ministério. Nosso serviço somente será útil e abençoado na medida em que somos alimentados pelo sacrifício da oferta pacífica perfeita, e seguindo Seu exemplo, apresentando nosso “corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Romanos 12:1). Esse é o segredo, de acordo com o mesmo capítulo, “para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (versículo 2), e ser capaz de realizá-la com alegria (versículos 3 a 8).
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.
(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
A epístola aos Romanos nos ensina que Deus teve de tratar com duas questões: os “pecados”, até Romanos 5:11, e depois, o “Pecado” de Romanos 5:12 até o capítulo 8. Ele teve que condenar a árvore e seus os frutos, o Pecado em nossa natureza e os resultados que ele produz. Ao exigir um sacrifício para a culpa (o ato cometido) e outro para o pecado (a raiz do ato), Deus nos ensina que a obra de Cristo atendeu ambas as necessidades do pecador.
A lei relativa ao sacrifício pacífico ilustra as condições necessárias para a realização da comunhão cristã. Lembre-se de que trata-se de uma das ofertas de aroma suave, o prazer de Deus pela morte de Seu Filho e Seu compartilhar desse prazer conosco. Assim temos muito que refere-se ao Senhor, parte do sacrifício que ficava com o sacerdote, e o ofertante comendo o restante junto com seus amigos que estavam limpos.
Era uma questão de um sacrifício de ação de graças, ou louvores (versículo 12, 1 Coríntios 10:16); de caráter voluntário e alegre (versículo 16; 2 Coríntios 8:4), livre de todo contato com o que é imundo (versículo 21). A oferta de ação de graças devia ser comida no mesmo dia em que era oferecida (versículo 15), pois, uma vez que tenhamos oportunidade de agradecer a Deus por algo especial, isto é concluído naquele mesmo dia. Não teremos sempre alguma ocasião no dia seguinte, na verdade, todos os dias, para uma nova ação de graças?
Embora os sacrifícios pelo pecado eram oferecidos porque um homem não estava limpo, apenas os israelitas que estavam limpos (versículo 19) participavam da oferta pacífica. Quem tocasse a carne da oferta pelo pecado tornava-se santo (Levítico 6:27), enquanto que, inversamente, qualquer impureza contaminava a oferta pacífica. Que possamos zelar pela limpeza da nossa comida. E vamos cuidar ainda mais para que nenhuma poluição espiritual venha interromper a comunhão de que este sacrifício é a imagem.
"Qualquer que estiver limpo comerá dela" (versículo 19). Naqueles dias uma pessoa era impura, por exemplo, se tivesse tocado um corpo morto. Para nós crentes isto seria uma figura de nossa amizade com pessoas mundanas, a pessoa não salva está morta (Efésios 2:1-3). A comunhão com os incrédulos suja um crente (2 Coríntios 6:14). Se alguém comesse desta oferta enquanto estivesse impuro, ele seria "cortado do seu povo" (versículo 20 – Versão Darby). A morte pode parecer uma dura sentença para tal coisa, mas o Senhor nos mostra a seriedade de fingir ter comunhão com Ele, enquanto se entrega a práticas pecaminosas. Além disso, a pessoa que tocou qualquer coisa impura, seja a impureza humana ou impura animal, ou qualquer coisa de uma natureza abominável imunda e nessa condição comeu a carne do sacrifício era igualmente condenado à morte (versículo 21). Esta não era uma questão de impureza pessoal, mas de associação com a impureza. Assim, hoje, na cristandade, há inúmeros casos de doutrina e prática impuras introduzidas e o cristão é advertido: "saia do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei" (2 Coríntios 6:17).
Mas não é para nos isolarmos. Em nosso versículo, a pessoa poderia comer do sacrifício com seus amigos que estivessem limpos. É fácil perceber que importa com quem temos comunhão. Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! (Salmo 133). Deus sempre teve prazer em unir os Seus. É como o óleo precioso (figura do Seu Santo Espírito)... ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre.
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.
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Voltamos agora a oferta queimada. Estas "leis" descrevem como a oferta devia ser feita. Nesta oferta todo o sacrifício era queimado. Uma figura de Cristo entregando-Se completamente a Deus. Existe aqui dois pontos principais:
(1)o fogo nunca devia se extinguir. Deus nunca Se esquece da obra que Cristo fez na cruz, mesmo se o Seu povo vier a dormir e a se esquecer do fogo que está aceso.
(2)As cinzas sempre são um lembrete de que o fogo esteve ali. O fogo do juízo (castigo) caiu sobre nosso bendito Senhor Jesus, não deixando nada além de cinzas - a recordação de Sua morte.
Observamos o paralelo que existe entre os quatro principais sacrifícios e os aspectos em que cada um dos quatro evangelistas apresenta a obra de Cristo. Em João, Jesus é o holocausto Santo, Aquele que o Pai ama porque Ele deu a Sua vida (João 10:17-18). Lucas nos leva a admirar a vida do homem perfeito, do qual fala a oferta de manjares. Marcos coloca diante de nós o Servo de Deus, representado pelo sacrifício da consagração, ou oferta pacífica. E finalmente Mateus, mais do que os outros, O proclama como Aquele que "salvará o seu povo dos seus pecados" (Mateus 1:21).
Os capítulos 6 e 7 falam novamente destes quatro tipos de sacrifícios para estabelecer a lei concernente a eles, em outras palavras, a maneira na qual o sacerdote devia oferecê-las. Quão cuidadosos os sacerdotes precisavam ser! Será que entendemos o quão cuidadosos devemos ser acerca das pequenas coisas que fazemos? O sacerdote tinha que comer esta oferta pelo pecado.
Naqueles dias existia uma diferença entre os sacerdotes e o povo. Hoje, todo crente no Senhor Jesus (homem ou mulher) é um sacerdote (1 Pedro 2:5 e 9). Estes versículos de 1 Pedro 2 são muito importantes. Cada crente, assim como Cristo, é também uma pedra viva. Porém mais que isso, cada crente é agora um sacerdote! Estamos capacitados a oferecer sacrifícios espirituais (não animais mortos como estamos vendo) a Deus. Eles são aceitáveis a Deus por Jesus Cristo. Não precisamos de nenhum outro homem para estar entre Deus e nós. Não há lugar para alguém (padre, pastor, ministro, reverendo entre outros) se colocar entre os crentes e Deus.
Isso é uma negação da verdade do Cristianismo. A Bíblia deixa isso bem claro (1 Timóteo 2:5). Rabino, sacerdote, ministro, padre são coisas que os homens criaram.
Trata-se de uma mistura das religiões judaica e cristã. E você não pode misturar as duas. O próprio Senhor estava ensinando isto em Mateus 9:16-17.
O holocausto deveria ser contínuo (versículo 13), a oferta de manjares "estatuto perpétuo" (versículo 18). Já observamos o temor do israelita que nunca estava seguro de ser aperfeiçoado pelos mesmos sacrifícios oferecidos continuamente. O capítulo 10 de Hebreus nos mostra o sacerdote que "aparece a cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios", seu trabalho nunca terminava. Mas, em seguida, o mesmo capítulo apresenta Jesus que, tendo feito “um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus”... PARA SEMPRE (Hebreus 10:1, 11-12).
A LEI DA OFERTA DO PECADO (versículos 24-30)
O versículo 25 é uma repetição do que antes foi dito do sacrifício pelo pecado. Era para ser morto no mesmo lugar que o holocausto, perante o Senhor. Era coisa santíssima. Mas o versículo 26 acrescenta algo que não havia sido dito antes: o sacerdote que o ofereceu comeria sua carne no lugar santo. Isto seria no caso do pecado de um governante ou de alguém do povo, pois nos casos em que o sangue da oferta pelo pecado era levado para o santuário, nada deveria ser comido pelo sacerdote.
O comer da oferta do pecado pelo sacerdote significa que ele entrou em contato e sentiu a seriedade do pecado como se fosse seu, assim como o Senhor Jesus confessou os pecados de Israel como se Ele tivesse sido responsável por eles (Salmo 40:12, 69:5-6). O que tocasse a carne do animal seria santo, isso nos fala de qualquer conexão pessoal com o sacrifício de Cristo como sendo o meio de nos santificar da culpa do pecado, pois o toque fala do toque da fé.
Assim como todos os que são constituídos santos por tocar a carne da oferta pelo pecado, somos informados de que toda a roupa sobre a qual o sangue do sacrifício foi aspergido seria lavada com água (versículo 27). As vestes falam de hábitos, e se nossos hábitos são trazidos em contato com a verdade do derramamento de sangue de Cristo, esses hábitos devem ser purificados da impureza pela lavagem da água pela Palavra de Deus.
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.
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O israelita mais cauteloso estaria sempre com medo de que tivesse esquecido algum pecado cometido por ignorância. E que, assim que trouxesse um sacrifício caro, em termos financeiros, um novo ato de infidelidade poderia exigir outro. Infelizmente, apesar das certezas da Palavra de Deus, muitos cristãos ainda estão vivendo hoje com o mesmo temor. Eles creem que sua salvação depende de seus esforços sinceros para apaziguar Deus, dão esmolas e fazem penitências, sem nunca ter a certeza que isto seja suficiente. O que é não ter conhecimento da plenitude da graça divina! E que alegria quando temos a segurança da certeza de que Jesus fez tudo por nós.
A oferta pela culpa também trata do pecado, mas não apenas do caráter maligno geral, mas do injusto para Deus ou para as pessoas. Nas passagens que lemos, existe diferença entre os pecados contra Deus (versículos 15 e 17) do pecado contra o próximo (6:2 e 3). Se um erro tiver sido cometido, seja para Deus ou para uma pessoa, então Deus e aquela pessoa devem ser ressarcidos pelo erro. Ao fazer isto, uma oferta pela transgressão deve ser dada ao Senhor. É bom entendermos isto, pois às vezes pensamos que se fizermos algo de errado para alguém, tudo o que é preciso é resolver a questão com a pessoa pelo mal feito e só. Mas às vezes nos esquecemos que esta má atitude nos tirou da comunhão com Deus. Devemos nos reconciliar com Ele também. As ofertas davam um perdão governamental, mas não o perdão eterno que se encontra apenas no sacrifício de Cristo.
É comum nos preocuparmos mais com o pecado contra o próximo do que com o pecado contra Deus. Embora este tipo de transgressão esteja diretamente envolvida com outra pessoa, contudo ela é "contra o Senhor", porque Ele é o Criador e se preocupa com o modo como Suas criaturas são tratadas. Então deveria ser o contrário.
Em relação ao mal feito a uma pessoa, era necessário não somente compensá-la, mas também trazer um sacrifício ao Senhor (6:6; Salmo 51:4. Neste Salmo Davi assume total responsabilidade por seu pecado - 2 Samuel 11:1-27. Ele se lança aos pés do Senhor. Todo pecado é contra Deus). Por outro lado, não era suficiente apenas se acertar com Deus. O dia em que o culpado arrependido oferecia um sacrifício por sua culpa, ele também tinha que corrigir a situação ante a outra pessoa (6:5). Isso é o que Zaqueu compreendeu quando Jesus entrou em sua casa (Lucas 19:8).
'Não vim para abençoar você, Zaqueu, porque você é generoso e honesto, mas porque vim buscar e salvar o que estava perdido!'
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.
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Leia 1 Coríntios 15:3. Cristo é Aquele que é nossa oferta pela transgressão. Aqui em nosso capítulo temos um tipo diferente de pecado. Os versículos 1 a 4 nos oferecem diversos exemplos de falhas que deviam ser expiadas mediante um sacrifício. São atos cuja gravidade talvez passassem despercebidas se a Palavra, o critério divino para nossa consciência, não houvesse condenado: deixar de dar um testemunho, ter contato, ainda que passageiro, com algo que é impuro, proferir palavras fúteis ou imorais. Uma pessoa pode ser culpada em manter o silêncio (versículo 1 – pela lei, cúmplice) ou, pelo contrário, por falar muito (versículo 4). Por exemplo, quando estamos trabalhando com um grupo de pessoas cuja conversa é imoral. Somos contaminados por isso, mesmo se não estivermos participando com eles. No versículo 2 lemos de se tocar um corpo morto. Trata-se de uma figura de nos tornarmos impuros pelo contato com o mundo do qual Deus diz que é imundo (Tiago 4:4 e 1 João 2:15-17), todas as associações que podemos fazer que são moralmente corruptas. Se nos identificarmos com outros que vivem corrompidos, também seremos contaminados por isso. Quando tais coisas eram trazidas à atenção de uma pessoa, ela devia confessar que havia pecado nesse assunto. Como é bom quando tal confissão é feita, sem desculpas adicionadas!
Em todos estes casos era necessário confissão (versículo 5), seguido pelo sacrifício (versículo 6). Essa ainda é a maneira determinada ao crente que falhou (1 João 1:9), com a diferença que o sacrifício não precisa ser oferecido uma segunda vez. O sangue de Jesus Cristo já foi derramado diante de Deus por nós, de modo que a confissão, unicamente ela, agora é suficiente. O orgulho de nossa vontade é quebrado quando confessamos um pecado a Deus. (Poderíamos pedir perdão sem a consciência ter sido tocada; isto traria descuido e frieza à nossa vida); Deus é então "fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça".
Os versículos 6 a 13 mostram a diferença de recursos daqueles que traziam as suas ofertas. Um ofereceu um cordeiro, outro dois pombinhos e um terceiro apenas um punhado de farinha. As pessoas não são capazes de apreciar na mesma medida a obra de Jesus, mas o que conta é o valor que ela tem para Deus, o valor do sacrifício do Senhor Jesus como expiação plena pelo pecado. Embora o entendimento seja diferente, Deus recebe sua oferta.
Por causa da pobreza, a graça de Deus permitiu uma oferta de um décimo de um efa de farinha, uma pequena quantidade, mas ao contrário de outras ofertas de manjares, não era colocado azeite ou incenso, pois tratava-se de uma oferta pelo pecado. Como não havia sangue, não poderia ser corretamente expiado. Ela fala da pureza do homem Cristo Jesus, no entanto, se há no ofensor uma verdadeira consideração pela pessoa de Cristo, embora ele não tenha compreensão do valor da obra de redenção de Cristo, Deus ainda pode graciosamente receber esta oferta, fazendo esta concessão pela ignorância.
Não há cheiro suave nisto, pois é uma oferta pelo pecado.
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.
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Os Sacrifícios pelo Pecado
Tendo considerado as ofertas de "cheiro suave", chegamos agora aos "sacrifícios pelo pecado". Estes eram divididos em duas classes, a saber, sacrifícios pelo pecado e expiação do pecado. Na primeira havia três categorias; primeiro, o sacrifício pelo "sacerdote ungido" e por "toda a congregação". Estes dois tinham os mesmos ritos e cerimônias (compare os versículos 3 a 12 com os versículos 13 a 23). Era o mesmo, quer tivesse sido o representante da assembleia ou a própria assembleia que tivesse pecado. Em qualquer dos casos, três coisas estavam envolvidas: a habitação de Deus na assembleia, a adoração da assembleia e a consciência individual. Ora, visto que as três coisas dependiam do sangue, verificamos que, na primeira categoria do sacrifício pelo pecado, três coisas eram feitas com o sangue. Era aspergido "sete vezes perante o Senhor, diante do véu do santuário". Isto assegurava as relações de Jeová com o povo e a Sua habitação no meio deles.
O Sangue da Vítima
Depois lemos: "Também porá o sacerdote daquele sangue sobre as pontas do altar do incenso aromático, perante o Senhor, altar que está na tenda da congregação". Isto assegurava a adoração da assembleia. Pondo o sangue sobre "o altar de ouro", a verdadeira base de adoração era mantida; de forma que a chama do incenso e a sua fragrância podiam subir continuamente. Finalmente, "todo o resto do sangue do novilho derramará à base do altar do holocausto, que está à porta da tenda da congregação". Aqui temos o que satisfaz plenamente a exigência da consciência de cada indivíduo; pois o altar de cobre era o lugar de acesso individual. Era onde Deus encontrava o pecador.
Nas outras duas categorias, "um príncipe" ou "qualquer outra pessoa do povo da terra", era apenas uma questão de consciência individual; e portanto uma única coisa era feita com o sangue. Era todo derramado "à base do altar do holocausto" (compare versículo 7 com os versículos 25 e 30). Existe em tudo isto uma precisão divina que requer toda a atenção do leitor, se deseja compreender os pormenores maravilhosos deste símbolo (1).
O efeito do pecado individual não podia prolongar-se para além dos limites da consciência do indivíduo. O pecado de "um príncipe" ou de "qualquer outra pessoa do povo", não podia, em sua influência, atingir "o altar do incenso" - o lugar da adoração sacerdotal. Não podia tampouco chegar ao "véu do santuário" - o limite sagrado da habitação de Deus no meio do Seu povo. É bom ponderar isto. Nunca devemos levantar uma questão de pecado pessoal ou falta no lugar de culto sacerdotal ou na assembleia. Deve ser tratada no lugar de aproximação pessoal. Muitos erram sobre este ponto. Vêm à assembleia ou lugar público de culto com a sua consciência manchada, e desta forma arrastam toda a assembleia e contaminam o seu culto. Deveria examinar-se rigorosamente este mal e haver cuidadosa vigilância contra ele. Precisamos de andar com maior vigilância para que a nossa consciência possa estar sempre na luz. E quando falhamos, como, infelizmente, acontece em tantas coisas, devemos tratar com Deus sobre a nossa falta em oculto, para que a nossa verdadeira adoração e a posição da assembleia possam ser mantidas sempre plenamente com clareza diante da alma.
(1) Entre a oferta por "um príncipe" e a oferta por "qualquer outra pessoa" há esta diferença: na primeira era um "macho sem mancha"; na última "uma fêmea sem mancha". O pecado de um príncipe exercia necessariamente maior influência do que o de uma pessoa comum; e, portanto, era necessária uma aplicação mais poderosa do valor do sangue. No capítulo 5:13 encontramos casos que requerem uma aplicação ainda mais inferior à da oferta de expiação pelo pecado - casos de juramento e de contato com formas de impureza, em que "a décima parte de um efa de flor de farinha" era admitido como oferta de expiação pelo pecado (Veja capítulo 5:11-13). Que contraste entre o aspecto de expiação apresentado por um bode de um príncipe e a mão-cheia de flor de farinha de um pobre homem! E, todavia, no último, tão certo como no primeiro, lemos, "e ser-lhe-á perdoado".
O leitor há de notar que o capítulo 5:1-13 forma uma parte do capítulo 4. Ambos estão compreendidos sob o mesmo título, e apresentam a doutrina da oferta de expiação do pecado, em todas as suas aplicações, desde um bode a uma mão-cheia de flor de farinha. Cada classe de oferta é anunciada pelas palavras. "Falou mais o Senhor a Moisés". Assim, por exemplo, com as ofertas de "cheiro suave" (Capítulos 1-3) são introduzidas pelas palavras: "E chamou o Senhor a Moisés". Estas palavras não são repetidas até ao capítulo 4:1, onde introduzem o sacrifício de expiação do pecado. Ocorrem outra vez no capítulo 5:14, onde é introduzida a Oferta de transgressão por pecados cometidos "nas coisas sagradas do Senhor"; e outra vez em capítulo 6:1, onde introduzem a oferta de transgressão por pecados cometidos contra o Senhor no tocante ao seu próximo.
É uma classificação bela e simples, e pode auxiliar o leitor a compreender as diversas classes de ofertas. Quanto às diversas categorias em cada classe, "um bode", "um carneiro", "uma fêmea", "uma pomba", "uma mão-cheia de flor de farinha", parece serem outras tantas aplicações diversas da mesma grande verdade.
O Pecado por Erro (ou Ignorância)
Havendo assim dito o bastante quanto às três categorias de sacrifício pelo pecado, vamos proceder ao exame, pormenorizado dos princípios desenvolvidos na primeira classe. Fazendo-o, poderemos formar, até certo ponto, uma ideia exata dos princípios de todos. Desejo contudo, ao entrar na comparação imediata atrás referida, chamar a atenção do leitor para um ponto notável que é revelado no segundo verso deste capítulo. "Quando uma alma pecar por erro". Isto apresenta uma verdade de profunda bem-aventurança, em relação com a expiação do Senhor Jesus Cristo. Ao contemplarmos essa expiação, vemos infinitamente mais do que a simples satisfação das exigências da consciência, ainda que essa consciência tivesse atingido o ponto mais alto de polida sensibilidade. Temos o privilégio de ver nela o que satisfaz plenamente todas as exigências da santidade divina, a justiça divina e a majestade divina.
A santidade da habitação de Deus e o fundamento da Sua união com o Seu povo nunca poderiam ser regulamentadas pelo padrão da consciência do homem, por “mais” elevado que esse padrão pudesse ser. Há muitas coisas que a consciência do homem omitiria - muitas coisas que poderiam escapar à percepção do homem -, muitas coisas que o seu coração poderia considerar lícitas, mas que Deus não podia tolerar; e que, como consequência, haviam de interferir com a aproximação do homem de Deus e impedi-lo de render adoração e prejudicar as suas relações. Pelo que, se a expiação de Cristo fizesse apenas provisão para os pecados que estão ao alcance da compreensão do homem, nós estaríamos muito aquém do verdadeiro fundamento da paz. Precisamos compreender que o pecado foi expiado segundo a avaliação que Deus fez dele - que as exigências do Seu trono foram perfeitamente cumpridas -, o pecado, tal qual é visto à luz da Sua inflexível santidade, foi divinamente julgado. É isto que dá paz segura à alma. Fez-se perfeita expiação tanto pelos pecados de ignorância do crente como pelos seus pecados conhecidos. O sacrifício de Cristo é o fundamento das suas relações e comunhão com Deus, segundo a apreciação divina das suas exigências.
Um conhecimento claro deste fato é de incalculável valor. A não ser que se lance mão deste aspecto da expiação, não pode haver paz firme, nem poderá haver compreensão moral da extensão e plenitude da obra de Cristo ou da verdadeira natureza do parentesco baseado nela. Deus sabia o que era necessário para que o homem pudesse estar na Sua presença sem o mais simples temor; e fez para isso ampla provisão na cruz. A comunhão entre Deus e o homem era inteiramente impossível se o pecado não tivesse sido liquidado segundo os pensamentos de Deus sobre ele; porque, embora a consciência do homem estivesse satisfeita, a pergunta levantar-se-ia sempre, Deus ficou satisfeito? Se esta pergunta não pudesse ser respondida afirmativamente, a comunhão nunca poderia subsistir (1). O pensamento de que nos pormenores da vida se manifestavam coisas que a santidade divina não podia tolerar intrometer-se-ia continuamente com o coração. Decerto, podíamos fazer essas coisas "por ignorância"; porém isto não podia alterar o assunto perante Deus, visto que tudo é do Seu conhecimento. Por isso, haveria constante receio, dúvida e temor. Todas estas coisas são divinamente atendidas pelo fato de que o pecado foi expiado, não segundo a nossa "ignorância", mas conforme o conhecimento de Deus. Esta certeza dá grande descanso ao coração e à consciência. Todas as exigências de Deus foram satisfeitas pela Sua própria obra. Ele Próprio fez a provisão; e, portanto, quanto mais requintada se torna a consciência do crente, sob a ação combinada da Palavra e do Espírito de Deus - quanto mais ele cresce no conhecimento divinamente adaptado a que tudo moralmente convém ao santuário -, tanto mais sensível ele se torna a tudo que é incompatível com a presença divina, e mais vigorosa, clara e profunda será a sua compreensão do valor infinito daquele sacrifício pelo pecado que não só ultrapassa os limites da consciência humana, mas satisfaz também, em perfeição absoluta, todas as exigências da santidade divina.
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(1) Desejo lembrar que o ponto saliente no texto é simplesmente expiação. O leitor cristão sabe muito bem, sem dúvida, que a possessão da "natureza divina" é essencial à comunhão com Deus. Eu preciso não só de um direito para me acercar de Deus, mas de uma natureza para gozar d'Ele. A alma que "crê no Filho unigênito de Deus" tem tanto um como outro (veja em João 1:12-13; 3:36; 5:24; 20:31; 1 João 5:11-13).
A Exigência da Santidade Divina ante a Ignorância do Crente
Nada pode demonstrar claramente a incapacidade do homem para tratar do pecado como o fato de existir aquilo que é descrito como "pecado de ignorância". Como poderia ele tratar daquilo que não conhece? Como poderia ele dispor daquilo que nunca entrou nos limites da sua consciência? Era impossível. A ignorância em que o homem está acerca do pecado é prova da sua absoluta incapacidade para o tirar. Se não o conhece, o que pode fazer acerca dele? Nada. É tão impotente como ignorante. Nem isto é tudo. O fato de haver "pecado de ignorância" demonstra claramente a incerteza que deve acompanhar toda a solução da questão do pecado, a qual não pode aplicar-se a noções mais elevadas do que aquelas que podem resultar da consciência humana mais delicada. Nunca poderá haver paz duradoura sobre este fundamento. Existirá sempre a compreensão dolorosa de que há qualquer coisa que não está bem.
Se o coração não é conduzido a um estado de repouso permanente pelo testemunho da Escritura de que os direitos inflexíveis da justiça divina foram satisfeitos, haverá, necessariamente, uma sensação de mal-estar, e uma tal sensação representa um obstáculo à nossa adoração, à nossa comunhão e ao nosso testemunho. Se eu me sentir inquieto a respeito da solução da questão do pecado, não posso adorar; não posso gozar de comunhão com Deus nem com o Seu povo; nem tão pouco posso ser uma testemunha inteligente ou apta de Cristo. O coração tem de estar tranquilo, perante Deus, quanto à perfeita remissão do pecado, antes de podermos "adorar em espírito e verdade". Se houver culpa sobre a consciência, deve haver terror no coração; e, seguramente, um coração cheio de terror não pode ser um coração feliz e adorador. É somente de um coração cheio desse doce e santo repouso que proporcionou o sangue de Cristo que pode subir adoração verdadeira e aceitável ao Pai.
O mesmo princípio é verdadeiro a respeito da nossa comunhão com o povo de Deus, e o nosso serviço e testemunho entre os homens. Tudo deve descansar sobre o fundamento de paz estabelecida; e esta paz descansa sobre o fundamento de uma consciência perfeitamente purificada; e esta consciência purificada descansa sobre o fundamento da perfeita remissão de todos os nossos pecados, quer sejam pecados do nosso conhecimento ou pecados de ignorância.
Comparação do Holocausto com o Sacrifício pelo Pecado
Vamos prosseguir agora com a comparação entre o sacrifício pelo pecado e o holocausto, em cujo confronto encontraremos dois aspectos de Cristo muito diferentes. Porém, embora os aspectos sejam diferentes, é um só e o mesmo Cristo; e, por isso, em ambos os casos, o sacrifício era "sem mancha". Isto é fácil de compreender. Não importa sob que aspecto contemplarmos o Senhor Jesus Cristo, Ele é sempre o mesmo Ser perfeito, imaculado e santo. É verdade que, em Sua abundante graça, teve de curvar-Se para tomar sobre Si o pecado do Seu povo; mas foi como um Cristo perfeito, puro, que o fez; e seria nada menos do que perversidade diabólica alguém valer-se da profundidade da Sua humilhação para manchar a glória pessoal d'Aquele que assim se humilhou. A excelência intrínseca, a pureza inalterável e a glória divina do nosso bendito
Senhor aparecem no sacrifício pelo pecado tão claramente como no holocausto. Seja em que relação for que Ele se apresente, em qualquer ocupação ou obra que execute, ou posição que ocupe, a Sua glória pessoal brilha em todo o esplendor divino.
Esta verdade de um só e mesmo Cristo, quer seja no Holocausto ou no sacrifício pelo pecado vê-se não apenas no fato que, em ambos os casos, a oferta era "sem mancha", como também na "lei da expiação do pecado", na qual lemos: "Esta é a lei da expiação do pecado no lugar onde se degola o holocausto, se degolará a oferta pela expiação do pecado perante o Senhor; coisa santíssima é" (Levítico 6:25). Os dois tipos indicam um e mesmo grande Antítipo, embora o apresentem sob aspectos diferentes da Sua obra. No holocausto vemos Cristo correspondendo aos afetos divinos; na expiação do pecado vêmo-Lo satisfazendo as profundidades da necessidade humana. Aquele apresenta-O como Aquele que cumpre a vontade de Deus; este como Aquele que levou o pecado do homem. No primeiro aprendemos qual é o elevado preço do sacrifício; no último o que é a aversão do pecado. Isto basta quanto às duas ofertas, em geral. Um exame minucioso dos pormenores não fará mais que confirmar a mente na verdade desta asserção.
Quando consideramos, em primeiro lugar, o holocausto, notamos que era uma oferta voluntária. "... a oferecerá de sua própria vontade perante o Senhor" (1). Ora, o vocábulo "própria" não é mencionado na expiação pelo pecado. E precisamente o que poderíamos esperar. A omissão está de perfeito acordo com o alvo específico do Espírito Santo no holocausto, que é apresentá-lo como uma oferta voluntária. Era a comida e bebida de Cristo fazer a vontade de Deus, qualquer que pudesse ser essa vontade. Nunca pensou em inquirir quais eram os ingredientes do cálice que Seu Pai ia pôr em Suas mãos. Bastava-Lhe saber que o Pai o havia preparado. Assim acontecia com o Senhor Jesus simbolizado no holocausto.
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(1) Alguns podem encontrar dificuldade no fato de a palavra "própria" se referir ao adorador e não ao sacrifício; mas isto não pode de modo algum afetar a doutrina exposta no texto, que é fundada no fato de que uma palavra empregada no holocausto é omitida na oferta de expiação pelo pecado. O contraste subsiste, quer pensemos no ofertante ou na oferta.
Porém, na oferta de expiação do pecado temos uma linha de verdade completamente diferente. Este símbolo apresenta Cristo aos nossos pensamentos, não como Aquele que realiza voluntariamente a vontade de Deus, mas como Aquele que levou sobre Si essa coisa terrível chamada "pecado", e o Sofredor de todas as suas consequências aterradoras, das quais a mais aterradora, para Si, consistiu em que Deus ocultasse d'Ele o Seu rosto. Por isso, a palavra "própria" não estaria de acordo com o objetivo do Espírito na oferta de expiação pelo pecado. Esta expressão estaria tão deslocada neste símbolo como está divinamente em seu lugar no holocausto. O seu emprego e a sua omissão são igualmente divinos; e mostram tanto uma como a outra a precisão perfeita e divina dos tipos de Levítico.
Ora, o ponto de contraste que temos estado a considerar explica, ou, antes, harmoniza duas expressões empregadas por nosso Senhor. Em uma ocasião diz:"... não beberei eu o cálice que o Pai me deu?-" E, todavia, diz também: "Meu Pai, se é possível passe de mim este cálice."
A primeira destas expressões era o perfeito cumprimento das palavras com que havia começado a Sua carreira, a saber: "Eis aqui venho para fazer, ó Deus, a tua vontade"; e é, além disso, a elocução de Cristo como o holocausto. A última, por outro lado, é a exclamação de Cristo quando contemplava o lugar que estava prestar a ocupar como sacrifício pelo pecado. O que esse lugar era e o que estava envolvido n'ele, tomando-o, é o que veremos no prosseguimento do nosso estudo; é contudo interessante e instrutivo encontrar toda a doutrina dos dois sacrifícios encerrada, com efeito, no fato de uma simples palavra ser introduzida num e omitida no outro. Se encontramos no holocausto a prontidão com que Cristo Se ofereceu a Si mesmo para o cumprimento da vontade de Deus, na expiação do pecado vemos com que profunda abnegação tomou todas as consequências do pecado do homem e como chegou à distância longínqua da posição do homem no que se referia a Deus. Deleitava-se em fazer a vontade de Deus; estremecia ante a ideia de perder, por um momento, a luz do Seu bendito rosto.
Nenhum sacrifício podia tê-lo simbolizado debaixo destes dois aspectos. Precisávamos de uma figura que no-Lo apresentasse como Aquele que se comprazia em fazer a vontade de Deus; e necessitávamos de uma figura que no-Lo mostrasse como Aquele cuja natureza santa retrocedia ante as consequências do pecado imputado. Bendito seja Deus, temos tanto uma como a outra. O holocausto mostra-nos uma, a oferta de expiação dá-nos a outra. Pelo que quanto mais aprofundamos o afeto do coração de Cristo a Deus, mais compreendemos o Seu horror ao pecado; e vice-versa. Cada um destes símbolos põe em relevo o outro; e o emprego da palavra "própria" em um e não no outro fixa a importância especial de cada um.
Mas, pode perguntar-se, não era da vontade de Deus que Cristo Se oferecesse em sacrifício de expiação pelo pecado? E, se assim é, como podia hesitar em cumprir essa vontade? Seguramente o conselho de Deus tinha determinado que Cristo sofresse. Além disso era o prazer de Cristo fazer a vontade de Deus. Porém, como devemos compreender a expressão," Se é possível passe de mim este cálice"? Não é a exclamação de Cristo? E não existe nela um símbolo especial d'Aque!e que a proferiu? Certamente. Haveria uma lacuna grave entre os símbolos da economia Moisaica se não houvesse um para refletir o Senhor Jesus na atitude exata em que esta expressão O apresenta.
Contudo, o holocausto não O apresenta assim. Não há uma só circunstância em relação com essa oferta que corresponda a uma tal linguagem. Só a oferta de expiação do pecado oferece a figura apropriada ao Senhor Jesus como Aquele que exalou esses acentos de intensa agonia, porque só nela encontramos as circunstâncias que evocaram tais acentos das profundezas da Sua alma imaculada.
A sombra terrível da cruz, com a sua ignomínia, a sua maldição e a sua exclusão da luz da face de Deus, passava pelo Seu espírito e Ele não podia sequer contemplá-la sem exclamar: "Se é possível passe de mim este cálice". Porém, apenas havia pronunciado estas palavras, quando a Sua profunda submissão se mostra nestas palavras: "faça-se a tua vontade". Que "cálice" amargoso deve ter sido para arrancar de um coração perfeitamente submisso as palavras "passe de mim"! Que perfeita submissão deve ter havido para, em presença do cálice amargoso, o coração ter exclamado "faça-se a tua vontade"!
A Imposição das Mãos: Identificação com a Vítima
Vamos considerar agora o ato típico da imposição das mãos. Este ato era comum tanto ao holocausto como à oferta de expiação do pecado; porém, no caso do primeiro identificava o oferente com a oferta sem mancha; no caso do segundo implicava a transferência do pecado do ofertante para a cabeça da oferenda. Era assim no tipo; e, quando consideramos o Antítipo, aprendemos uma lição da natureza mais consoladora e edificante - uma verdade que, se fosse mais bem compreendida e plenamente realizada, proporcionaria uma paz muito mais constante do que aquela que geralmente se goza.
Qual é, pois, a doutrina exposta no ato da imposição das mãos? É esta: Cristo foi feito pecado por nós para que nós fôssemos feitos justiça de Deus (2 Coríntios 5:21). Ele tomou a nossa posição com todas as suas consequências para que nós pudéssemos ter a Sua com todas as suas consequências. Foi tratado como pecado sobre a cruz para que nós pudéssemos ser tratados como justiça na presença da santidade infinita. Foi retirado da presença de Deus porque tinha pecado sobre Si, por imputação, para que nós pudéssemos ser recebidos na casa de Deus e em Seu seio, porque, por imputação, temos uma perfeita justiça. Teve de suportar a invisibilidade do semblante de Deus para que nós pudéssemos gozar da luz desse semblante. Teve de passar três horas de trevas para que nós pudéssemos andar na luz eterna. Foi desamparado por Deus por um tempo, para que nós pudéssemos gozar a Sua presença para sempre. Tudo que nos era imposto, como pecadores arruinados, foi posto sobre Si para que tudo que Lhe era devido, como Realizador da redenção, pudesse ser nosso. Tudo foi contra Si quando foi pendurado no madeiro de maldição para que nada pudesse haver contra nós. Identificou-se conosco, na realidade da morte e do juízo, para que nós pudéssemos ser identificados consigo, na realidade da vida e justiça. Bebeu o cálice da ira - o cálice do terror- para que nós pudéssemos beber o cálice da salvação - o cálice do favor infinito. Foi tratado conforme os nossos méritos para que nós pudéssemos ser tratados segundo os Seus.
Tal é a maravilhosa verdade ilustrada pelo ato cerimonial da imposição das mãos. Depois de o adorador ter posto a sua mão sobre a cabeça do holocausto, já não se tratava da questão do que ele era ou do que merecia e tornava-se inteiramente uma questão do que a oferta era segundo o juízo do Senhor. Se a oferta era sem mancha, o oferente o era também; se a oferta era aceita também o oferente era. Estavam perfeitamente identificados. O ato de impor as mãos constituía-os em um aos olhos de Deus. Ele via o oferente por meio da oferta. Era assim no caso do holocausto.
Mas na oferta de expiação do pecado, quando o oferente tinha posto a sua mão sobre a cabeça da oferta, tornava-se uma questão de saber o que o oferente era e o que ele merecia. A oferta era tratada segundo os méritos do ofertante. Eram perfeitamente identificados. O ato de impor as mãos constituía-os em um, no parecer de Deus. O pecado do ofertante era tratado na oferta de expiação do pecado; a pessoa do oferente era aceita no holocausto. Isto fazia uma grande diferença. Por isso, embora o ato de impor as mãos fosse comum às duas figuras, e, além disso, fosse expressivo, em ambos os casos de identificação, todavia as consequências eram tão diferentes quanto o podiam ser. O justo tratado como injusto; o injusto aceito no justo."... Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus" (1 Pedro 3:18). Esta é a doutrina.
Os nossos pecados levaram Cristo à cruz; mas Ele leva-nos a Deus. E se Ele nos leva a Deus é por Sua própria aceitabilidade como ressuscitado de entre os mortos, havendo tirado os nossos pecados, segundo a perfeição da Sua obra. Ele levou os nossos pecados para longe do santuário de Deus a fim de nos poder trazer perto, até mesmo ao lugar santíssimo, em inteira confiança de coração, tendo a consciência purificada de toda a mancha de pecado pelo Seu precioso sangue.
Bem, quanto mais compararmos todos os pormenores do holocausto e da oferta de expiação do pecado, tanto mais claramente compreenderemos a verdade do que tem sido acentuado a respeito do ato de impor as mãos e dos seus resultados, em ambos os casos.
No capítulo primeiro deste volume notamos o fato que "os filhos de Arão" são introduzidos no holocausto, mas não na oferta de expiação do pecado. Como sacerdotes tinham o privilégio de permanecer em redor do altar e de contemplar a chama de um sacrifício aceitável subindo para o Senhor. Porém na oferta de expiação do pecado, em seu aspecto primário, tratava-se de uma questão de julgamento solene do pecado, e não de adoração ou admiração sacerdotal; e, portanto, os filhos de Arão não aparecem. É como pecadores convictos que temos de tratar em relação a Cristo como o Antítipo da oferta de expiação do pecado. É como sacerdotes em adoração, vestidos com as vestes da salvação, que contemplamos Cristo como o Antítipo do holocausto.
Demais, o leitor poderá notar que o holocausto era "esfolado", enquanto que a oferta de expiação do pecado não o era. O holocausto era "partido em pedaços", mas a oferta de expiação do pecado não o era. A "fressura e as pernas" no holocausto eram "lavadas com água", cujo ato era inteiramente omitido na oferta de expiação do pecado. Finalmente, o holocausto era queimado, em cima do altar; a oferta de expiação do pecado era queimada fora do arraial.
São pontos de grande diferença provenientes do caráter distinto das oferendas. Sabemos que não há nada na Palavra de Deus sem o seu significado específico; e todo o estudioso inteligente e atento das Escrituras notará estes pontos de diferença; e, notando-os, procurará, naturalmente, determinar a sua verdadeira importância. Pode haver ignorância do seu valor; mas não deveria haver indiferença, a seu respeito. Em qualquer parte das páginas inspiradas, sobretudo uma tão rica como aquela que temos perante nós, omitir um simples ponto seria desonrar o Autor Divino e privar as nossas próprias almas de muito proveito. Deveríamos nos debruçar sobre o mais simples pormenor, para louvar a Deus pela sabedoria nelas revelada, por Ele, para confessar a nossa própria ignorância deles. Desprezá-los, com espírito de indiferença, é supor que o Espírito Santo tomou o incômodo de escrever coisas que não julgamos dignas de intentar compreender. Nenhum cristão deveria supor tal coisa. Se o Espírito, escrevendo sobre a ordenação da oferta de expiação do pecado, omitiu os diversos ritos a que nos referimos - ritos que ocupam um lugar proeminente na ordenação do holocausto - deve haver seguramente alguma razão para isso e qualquer propósito importante em o fazer. Devemos procurar compreender estes pontos; e, sem dúvida, eles resultam do propósito especial da mente divina em cada oferta. A oferta de expiação do pecado mostra aquele aspecto da obra de Cristo em que O vemos tomando judicialmente o lugar que nos pertencia moralmente. Por esta razão não podemos procurar essa expressão intensa daquilo que Ele era em todos os motivos secretos de ação, patenteados no ato simbólico de "esfolar" o holocausto. Tampouco podia existir essa ampla exibição do que Ele era, não apenas como um todo, mas nos mais minuciosos traços do Seu caráter, conforme se vê no ato de partir o holocausto "em pedaços". Nem, ainda, podia haver aquela manifestação do que Ele era pessoal, prática e intrinsecamente, como se mostra no ato significativo de lavar a fressura e as pernas do holocausto com água.
Todas estas coisas pertenciam à fase de nosso bendito Senhor no holocausto, e só a essa, porque nela O vemos oferecendo-Se à vista, ao coração, e ao altar de Jeová, sem imputação de pecado, de ira ou de juízo. Na oferta de expiação do pecado, pelo contrário, em vez da ideia proeminente daquilo que Cristo é, temos o que é o pecado. Em vez do alto apreço de Jesus, encontramos o ódio do pecado. No holocausto, visto que é Cristo oferecendo-se a Si mesmo a Deus e sendo aceito por Ele, vemos que se faz tudo para mostrar o que Ele era em todos os aspectos. Na oferta de expiação do pecado, visto tratar-se do pecado julgado por Deus, dá-se um caso precisamente oposto. Tudo isto é tão claro que não exige esforço da mente para o compreender. Deriva naturalmente do caráter distinto do símbolo.
Texto extraído de Estudos Sobre o Pentateuco de C. H. Mackintosh
(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
Por seu pecado, um sacerdote ungido tinha que oferecer um novilho (versículo 3), o governante ou príncipe tinha que oferecer um bode (versículos 22 e 23) e qualquer outra pessoa do povo apenas uma cabra ou cordeira (versículos 27, 28 e 32). Nestes casos envolvendo alguém menos importante, o sangue não era introduzido no tabernáculo, mas colocado sobre as pontas de bronze do altar que estava fora. Aquele era o lugar para a pessoa encontrar-se com Deus individualmente. Portanto, neste capítulo, aprendemos que quanto mais verdade conhecemos, mais culpados somos pelo pecado que praticamos. Aqueles que devem ser o exemplo tem uma responsabilidade maior, que se reflete na importância do animal oferecido. Mas diante de Deus, todos pecaram e destituídos estão de Sua glória, (Romanos 3:22-23). Se, na escala social, eles estão na parte superior ou na parte inferior, honrados ou desprezados por seus contemporâneos, sejam eles maus ou vistos como pessoas "de bem", todos os homens estão em uma única classe: pecadores perdidos. No entanto, em Sua insondável misericórdia, Deus criou uma nova categoria: a de pecadores perdoados. Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia. (Romanos 11:32).
Vamos enfatizar as expressões nos versículos 23 e 28: "se o seu pecado, no qual pecou, vier ao seu conhecimento" (versão Darby). Esta é uma alusão ao gentil serviço chamado de "lavar os pés", que consiste em ajudar outro crente a descobrir e julgar as suas faltas (João 13:14). Hoje, na dispensação da graça, em João 13, versículos 1 a 17, o Senhor Jesus está nos ensinando uma lição. Cada crente, exercendo seu sacerdócio santo, deve ter um interesse e uma preocupação real nos outros crentes. Devemos lavar os pés uns dos outros. Isso significa que quando um de nós faz algo que não agrade o Senhor, outro crente pode vir a nós e, amorosamente, apontar isso. Satanás aqui iria dizer que não devemos julgar uns aos outros. Se amamos uns aos outros, que possamos tentar ajudar uns aos outros. É somente quando julgamos e tiramos de nossa vida as coisas que não agradam ao Senhor que podemos ter comunhão com Ele.
"E lhe será perdoado o pecado" é dito no final de cada um desses parágrafos. Essa é a resposta divina que Deus pode dar ao pecador arrependido, em virtude da obra de Seu amado Filho!
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.
(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
Agora começa o longo processo de se passar pelas diferentes ofertas que são descritas nos primeiros 7 capítulos deste livro. Neste capítulo 4, não era uma oferta voluntária, mas obrigatória por causa do pecado.
Quando aceitamos o Senhor Jesus como nosso Salvador, somos purificados para sempre de nossos pecados.
Mas agora que estamos limpos, não significa que podemos viver como antes. Agora nossa vida não pertence a nós, pois fomos comprados com o preço do sangue de Cristo.
Leia e medite o que diz após a palavra "Porque" em 1 Coríntios 6:19-20.
A salvação depende do poder purificador do sangue de Cristo, mas a comunhão com Deus depende da obra purificadora de Cristo. Sangue e água (Hebreus 10:22).
Muitas pessoas não se consideram culpadas de suas faltas inconscientes; seguem pelo princípio que Deus não pode reprová-las pela sua ignorância e levará em conta as suas "boas intenções". Que falsa ilusão! Se Deus teve que fornecer um sacrifício pelos pecados cometidos "por ignorância", esta é a prova de que o pecador, embora ignorante, é culpado diante Dele. Veja, nossas leis têm o mesmo rigor; a ignorância (falta de conhecimento) não é desculpa. Uma violação da lei, mesmo que não intencional, me torna culpado pela sua transgressão e me expõe a uma penalidade. Aos olhos de um Deus santo, o pecado cometido permanece; não é de forma alguma desculpado por minha falta de conhecimento ou descuido. Mas eu aprendo que para cada pecado, se houver condenação, há também um sacrifício que o perdoa. Foi necessária a infinitamente grande obra da cruz para apagar a infinitamente grande ofensa feita a Deus por meus pecados, intencionais ou não, daqueles que me lembro ou daqueles que já esqueci há muito tempo.
Ao colocar a mão sobre a cabeça da vítima, quem a oferecia, passava seus pecados para ela. Reconhecia-se culpado e que merecia a morte. O animal oferecido tomou o seu lugar, levou seu pecado e morreu em seu lugar. Isto é o que Jesus fez por nós, nosso Substituto perfeito.
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.
(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
A oferta pelo pecado conclui a lista das ofertas sagradas.
Ela é bem semelhante a oferta pela transgressão que vem depois. É uma figura do aspecto da morte de Cristo que é mais facilmente compreendida pelas pessoas, Sua morte por pecadores.
O sacrifício pelo pecado atende nossa necessidade (1 Pedro 2:24, 2 Coríntios 5:21). Deus não pode simplesmente perdoar pecados. Eles precisam ser pagos.
Quando aceitamos o Senhor Jesus como nosso Salvador, recebemos perdão de pecados, mas Ele pagou a pena - morte - por nós (Efésios 1:7). Você entende a diferença entre os três primeiros capítulos e este?
Em sua sequência no tempo, as ofertas pelo pecado e pela transgressão vêm primeiro, pois primeiramente precisamos ser salvos, mas no que concerne a Deus (as três primeiras ofertas) vem primeiro em lugar em importância do ponto de vista de Deus. Primeiro Deus deve ser honrado.
Repare também a diferença em como esta oferta deve ser feita. Repare que estes eram pecados de ignorância. Não havia sacrifícios para pecados deliberados. Um pensamento sério - Hebreus 10:26. Uma pessoa que se denomina cristão deve prestar mais atenção se estiver deliberadamente se envolvendo com o pecado sem ter sua consciência afetada. Tal pessoa não poderia ter qualquer segurança de ser realmente um crente.
Segundo a lei, não havia sacrifício pelos pecados da desobediência deliberada. Números 15:30 diz: "Mas a alma que fizer alguma coisa atrevidamente... aquele que fizer injuria ao Senhor, tal alma será extirpada do meio do seu povo" (versão RA). Assim, não houve sacrifício pelo pecado de Davi (Salmo 51:16). Hoje, sob a graça, quão maravilhosa é a diferença, pois "o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 João 1:7). De modo que devemos distinguir entre a aplicação literal dessas ofertas para Israel e o significado espiritual delas para nós hoje.
Os versículos 3 ao 12 nos fala de algo solene, era uma séria ofensa se o sumo sacerdote pecasse. Neste caso, e no próximo (toda a congregação), se o sangue do sacrifício não fosse introduzido no santo lugar e colocado sobre o altar do incenso, a comunhão de toda a congregação com Deus seria interrompida. Quanto mais perto uma pessoa anda com Deus, mais sério é quando peca. Deus o tem como responsável (Lucas 12:48).
Na ordem das coisas, primeiro a oferta queimada, o holocausto, nos ensinando que Deus se agradou da obra de Cristo; a última oferta atendia as necessidades do pecador. Mas é evidente que devemos tomar o caminho oposto. Antes de conhecer a paz e a alegria do sacrifício pacífico, antes de compreender o que Jesus foi para Deus em Sua vida e Sua morte, começamos por tratar com Aquele que sofreu e morreu na cruz para expiar nossos pecados. O sangue era levado ao tabernáculo como para dar a Deus uma prova da obra concluída e ao pecador a segurança da sua aceitação. A gordura queimada sobre o altar, um sinal da satisfação encontrada por Deus na obediência da vítima. Resumindo, enquanto a carne da oferta queimada era para queimar no altar e a da oferta de paz comida por aquele que a ofereceu, os corpos dos animais oferecidos pelo pecado eram queimados fora do arraial. Por causa dos nossos pecados que Ele carregou, Jesus sofreu "fora da porta" (versículo 12 e Hebreus 13:12), longe da presença de um Deus santo. E o verbo "queimar" do versículo 12 é diferente do "arder” (ou fumegar – versão Reina Valera) do versículo 10, utilizado para as gorduras e os incensos, expressa a intensidade do julgamento que consumiu o nosso Sacrifício perfeito (Hebreus 13:11). Não era uma oferta de "cheiro suave", pois fala de Cristo sofrendo de Deus sob a maldição de nossos pecados, num lugar de total rejeição "fora do arraial".
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.
(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
A oferta de paz também era um sacrifício voluntário. Um animal sem mácula era oferecido, no entanto, agora poderia ser um macho ou uma fêmea. Claro que essa oferta fala também do único sacrifício de Cristo, mas uma vez que uma fêmea era permitida, isso envolve a parte que os crentes têm com Cristo no valor de Seu sacrifício. O holocausto fala do valor desse sacrifício para Deus, mas a oferta de paz envolve também a bênção que alcança o crente por meio do sacrifício de Cristo.
O sacrifício pacífico ou de comunhão (em hebreu, shelem – retribuição, sacrifício voluntário de agradecimento) celebrava a paz com Deus estabelecida com base na eficácia do sangue expiatório. A obra acabada de Cristo em relação ao crente é ilustrada no sacrífico pacífico. O Senhor Jesus é nossa paz (Efésios 2:14), fez paz pelo sangue da sua cruz (Colossenses 1:20). Anunciou esta paz aos que estavam longe e estavam perto (Efésios 2:17), derrubando o muro de separação entre judeus e gentios.
Cristo como oferta pacífica estabeleceu a paz entre Deus e os homens por meio de Seu sacrifício, e isso é visto especialmente no Evangelho de Lucas, de modo que a graça, a concórdia e a comunhão são as características em destaque desta oferta e a paz que ela produz. Jesus não veio somente para glorificar o Pai em Sua vida (a oferta de manjares), em sua morte (a oferta queimada ou holocausto) e expiar nossos pecados (o sacrifício do capítulo 4). Ele também veio para nos colocar em um novo relacionamento de comunhão com Deus. Era a única oferta da qual o ofertante recebia uma parte. Nosso amado Salvador não apenas nos salvou do juízo eterno. Ele queria nos alegrar, e isso desde já.
Assim como os outros sacrifícios, a gordura é para o Senhor e era queimada sobre o altar. Ela é o símbolo da energia interior, da vontade que o coração governa. Em Jesus, esta energia foi inteiramente para Deus. Sua vontade era sempre fazer as coisas que agradavam ao seu Pai (João 6:38; João 8:29). Esse sacrifício só podia ter um cheiro suave, infinitamente agradável para Deus (versículos 5 e 16).
Que privilégio para aqueles de nós que conhecem a Jesus para termos o mesmo "manjar" com o Pai (versículos 11 e 16), sermos convidado à Sua mesa para compartilhar de Sua alegria e Seus pensamentos sobre Seu Filho amado! O apóstolo João diz: "Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo" (1 João 1:3).
Os três primeiros sacrifícios: holocausto, farinha e pacífico, falam de adoração pública, mas podiam ser feitos voluntariamente ao Senhor a qualquer momento. Os próximos dois deviam ser feitos quando alguém houvesse pecado. Estas ofertas ou sacrifícios mostram dois aspectos: adoração voluntária e expiação obrigatória.
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.
(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
Se a oferta queimada chama a atenção para o doce perfume de Cristo na Sua morte, a oferta de manjares (ou alimento), geralmente de flor de farinha, é bem diferente e corresponde à perfeição de Sua vida como um homem na terra. Para Cristo ser um sacrifício perfeito para Deus, Ele precisou viver uma vida perfeita e sem pecado. A flor de farinha é uma figura da vida pura e uniforme de nosso bendito Senhor. O sacerdote podia tomar um punhado da farinha, derramar azeite e incenso sobre ela, e então queimá-la sobre o altar. O azeite é uma figura do Espírito Santo. O incenso, uma figura das graças, da bondade de Cristo. O Senhor Jesus "Se ofereceu a Si mesmo imaculado (sem mancha) a Deus" (Hebreus 9:14).
Esta oferta não exige nenhuma vítima ou sangue, apenas farinha, azeite, incenso e sal. A humanidade do Senhor corresponde ao grão de trigo moído finamente; Seu nascimento e batismo pelo Espírito Santo para ser amassado e ungido com azeite; Seu teste pelo sofrimento de modo visível ou oculto no calor da caçarola, panela ou no forno. Estas coisas eram para o Pai um perfume do mais alto valor. O crente apresenta a Deus esta vida perfeita de Jesus. Vamos olhar para este Homem maravilhoso nos evangelhos. Sua dependência, Sua paciência, Sua confiança em Deus, Sua mansidão, Sua sabedoria, Sua bondade e Sua dedicação – nada disso mudou mesmo através de todos os Seus sofrimentos. Estas são algumas das maravilhosas lembranças que vemos na oferta de farinha polvilhada com incenso. É "coisa santíssima" (versículo 3 e 10).
O fermento, uma figura do pecado, não fazia parte dela. Para deixar bem claro, nenhuma oferenda aqui mencionada poderia conter qualquer fermento, geralmente uma figura do mal (pecado), um ingrediente totalmente ausente na vida perfeita de nosso Senhor, e nunca poderia ser oferecido a Deus. Nem mel, um símbolo da afeição humana, figura das belas coisas ou qualidades naturais das pessoas. As pessoas costumam dizer que se agirem com doçura ou bondade para com outros, isto se torna uma oferta a Deus. Aqui aprendemos que nenhum mel devia ser incluído. As coisas bonitas da vida não podem ser oferecidas a Deus como um sacrifício. Em contraste, o sal - encontrado em todas as ofertas de manjares - uma imagem da separação para Deus, que preserva da corrupção, marcou a vida do Senhor Jesus e nunca deve faltar em nossas vidas (Marcos 9:50; Colossenses 4:6).
Nosso Senhor Jesus Cristo foi a encarnação da graça. Mas a graça de Deus não é a doçura natural, semelhante a amabilidade humana, uma vez que a verdade e a graça nos alcançaram Nele. A verdade que veio por Jesus Cristo conecta-se com o sal que sempre era para ser uma parte dos sacrifícios oferecidos a Deus.
Enquanto apenas uma parte da oferta era queimada como um memorial, todo o incenso tinha que ser queimado. Isso mostra mais uma vez que o principal pensamento é o do prazer e deleite do próprio Deus na perfeita vida do Senhor Jesus, quando testado no fogo. Ele é o único em quem não foi encontrado nenhum defeito, mas sim toda perfeição na energia do Espírito Santo, tudo nEle tem um cheiro suave.
Embora, nessa figura, Deus tivesse todo o incenso, o restante da farinha e do azeite, ou dos bolos misturados e ungidos, seria a porção de Arão e seus filhos. Eles tinham como parte de seu alimento o que tinha sido oferecido a Deus. Nisto podemos ver uma indicação de nosso privilégio como aqueles que foram "edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais" (1 Pedro 2:5), e 2 Pedro 2:7 prossegue dizendo: "para vós, os que credes, é preciosa", ou mais literalmente, “é a preciosidade". Cristo é precioso para Deus em medida infinita, mas Sua preciosidade também é para nós.
O crente hoje, como sacerdote, tem permissão para ter como alimento de sua alma toda aquela excelência que foi exibida em Cristo e, assim alimentado, tem os meios para oferecer sacrifícios espirituais de louvor que são aceitáveis a Deus. Mas notemos essas palavras duas vezes repetidas (versículos 3 e 10) que " coisa santíssima é, de ofertas queimadas ao Senhor". Quando Cristo está diante de nós, que possamos nos lembrar da Sua da santidade, tratá-Lo com reverência e reserva que brota do autojulgamento.
Neste capítulo, a palavra "expiação" não aparece. Isso porque nenhum sangue foi derramado na oferta de manjares, uma figura da vida perfeita do Nosso Salvador Jesus.
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.
(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
Vamos mostrar uma visão ampla de alguns livros no Antigo e no Novo Testamento.
Gênesis - Os começos, as origens, a semente no jardim.
Romanos - A verdade fundamental do Cristianismo. Como Deus pode receber pecadores e ainda assim permanecer santo e verdadeiro. Neste sentido, Gênesis e Romanos representam a salvação.
Êxodo - A saída. A Redenção pelo sangue de um cordeiro. Libertação do poder do Egito através da água do Mar Vermelho.
Atos - A saída. Os crentes foram separados deste mundo pelo sangue de Cristo. O poder de Satanás contra nós foi destruído (a menos que o Senhor o permita). Para nosso estudo, Êxodo e Atos, representam a separação do mundo.
Levítico - No deserto, Deus disse a Moisés para construir para Ele um tabernáculo onde poderia ser adorado. Ele dá instruções sobre sacrifícios, ofertas, festas e, em geral, a adoração dada a Deus pelos sacerdotes. A adoração a Deus é o primeiro motivo de sermos salvos. Então vamos iniciar hoje o estudo do livro de Levítico que trata de nossa vida como um sacerdote diante de Deus.
Os oito primeiros capítulos deste livro nos falam de diferentes sacrifícios de animais. Cada oferenda é uma figura individual da obra de Cristo na cruz (exceto a oferta de manjares). Desde o princípio o Senhor indica cinco sacrifícios: o holocausto, o de flor de farinha, o pacífico, pelo pecado e o de expiação. Os três primeiros eram conhecidos como ofertas de cheiro suave, os dois últimos pelo pecado. Os três primeiros eram voluntários, os dois últimos, obrigatórios.
No capítulo 1, versículo 1 deste livro, vemos que nada era deixado para o sacerdote decidir. Era um caso de obediência. Todo crente hoje é um sacerdote (1 Pedro 2:5). Portanto este livro é uma instrução, fisicamente para eles, espiritualmente para nós. Que possamos desejar aprender os significados (Êxodo 11:2).
Levítico é um livro fechado para quem não possui a "chave" divina para ele. Essa chave é Cristo, a quem encontramos aqui em todos os aspectos do Seu sacrifício e Seu sacerdócio. O crente possui apenas um sacrifício oferecido "uma vez para sempre", totalmente suficiente (Hebreus 10:10). Mas, para descrevê-lo em todas as suas diferentes características, o Espírito de Deus nos dá diversas figuras que se completam entre si.
Em primeiro lugar, a oferta queimada. Ela representa a parte da obra de Cristo que é para Deus, não de Cristo morrendo por nossos pecados. Isso fica claro em nosso capítulo, três vezes lemos as palavras " cheiro suave ao Senhor”. Ele se entregou completamente a Deus como sacrifício (João 13:31-32). O animal era completamente queimado (exceto a pele, Levítico 1:6). É chamado de "oferta de cheiro suave". A morte de Cristo para Deus foi a delícia de Deus Pai (Filipenses 2:9-10). Ela é expressa no Novo Testamento por passagens como João 10:17, Efésios 5:2, Filipenses 2:8. Queridos amigos cristãos, quando pensamos na cruz, em vez de ver a nossa salvação em primeiro lugar, vamos considerar a satisfação que Deus encontrou na pessoa e obra de Seu Santo Filho.
A primeira seção (versículos 3 a 9) nos fala de uma pessoa que trouxe um animal grande para a oferta queimada. Uma ilustração do crente hoje que entende bem que Cristo veio morrer para Deus em primeiro lugar. Ele entende que Deus agora encontra todo o seu prazer neste Homem... Jesus. Ele pode ser um crente de longa data, que cresceu neste conhecimento. Este é um aspecto da morte de Cristo. Na verdade, trata-se do aspecto de Deus. Não como aquele que levou o pecado aqui, mas que morreu para a glória de Deus. Há ricas recompensas para você se chegar a entender o que significa a oferta queimada.
No versículo 3 temos de acordo com a versão revista e corrigida, as palavras, "oferecerá, de sua própria vontade", mas na versão de Darby, "apresenta a Ele para Sua aceitação”. Então o pensamento era que o ofertante estava diante de Deus em toda a aceitação da oferta imaculada que ele trouxe. Por isso, ao colocar a mão sobre a cabeça da oferta, da qual fala o versículo seguinte, significa que ele se identificou com a sua oferta. Assim, cremos, isso nos fornece o significado original ligado à imposição de mãos através das Escrituras. Significa, identificação.
Três diferentes tipos de animais ou pássaros podiam ser oferecidos, dependendo da riqueza da pessoa que desejava trazer a oferta. Mas todos eram animais pacíficos, o bezerro nos fala do Senhor como o Obreiro paciente que não se cansa, sempre fazendo a vontade do Pai em uma vida de serviço perfeito e uma morte em sacrifício perfeito. A ovelha representa o Senhor como o manso e humilde, fazendo completamente a vontade de Deus em entrega pessoal sem resistência. A cabra fala de Cristo como nosso substituto. A pomba, Dele como o Ser Celestial e também do Homem de Dores. Essas figuras são apenas sombras e não retratam a excelência completa daquilo que tipificam.
Os israelitas não eram forçados a trazê-las. Nos dias do Antigo Testamento, entre o povo de Deus, quanto mais fiel era um homem, mais rico ele se tornava. (Quanto mais fiel e obediente um crente é à Palavra de Deus, mais ele a compreende. Não podemos entender as escrituras por nossa inteligência (1 Coríntios 1:21). É só através da consciência e do coração (Romanos 10:10, 2 Coríntios 4:6). Entre as oferendas, algumas diferenças ficam evidentes na maneira de sua oferta. Por exemplo, apenas ofertas de gado eram cortadas em pedaços e dispostos sobre o altar. Mas em todos os casos surgiu um "cheiro suave ao Senhor". Tal foi o efeito do fogo do julgamento que passou sobre a Vítima santa na cruz: é mostrada nos mínimos detalhes a excelência da oferta "imaculada" (Hebreus 9:14).
"Seja um gado ou uma pequena rolinha", em entendimento, uma pessoa que talvez tenha chegado recentemente ao conhecimento do Senhor como Salvador, entendendo muito pouco dos profundos significados do que Cristo é para Deus; todavia é feliz em conhecer mesmo que um pouco deste significado. Repare mais uma vez que Deus Se apraz até quando entendemos apenas um pouco desta grande verdade.
As três classes de ofertas queimadas são mencionadas em uma escala descendente. O homem rico poderia trazer seu bezerro, o homem de “classe média” sua ovelha, o pobre seu pombo. No entanto, todos eram um holocausto, e em todos os casos o ofertante era aceito diante de Deus. O que vemos tipificado nestas variações não é uma aceitação maior ou menor, mas uma maior ou menor compreensão por parte do ofertante. Para mostrar isso de outra maneira: todo crente é aceito diante de Deus na perfeição e na fragrância do sacrifício de Cristo, que nunca varia e é o mesmo para todos. O que varia é a medida em que apreciamos o valor de Sua obra. Consequentemente, quando "oferecemos o sacrifício de louvor a Deus... o fruto de nossos lábios, dando graças ao Seu nome" (Hebreus 13:15), o caráter do nosso louvor varia. Se reunimos nossos pensamentos de Levítico 1 e o que temos em 1 João 2:13-27, podemos dizer que o "pai" pode trazer seu novilho, o "mancebo", sua ovelha, e o "filhinho", seu pombo.
Antes de deixar Levítico 1, olhe de novo para as palavras finais dos versículos 9, 13 e 17. Como vemos no versículo 4, a expiação estava relacionada com o holocausto, mas não era o pensamento principal, mas sim a excelência da oferta na aceitação divina. Era cheiro suave para Deus Pai.
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.
(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
Desde o menor detalhe, o santuário e os objetos necessários para a adoração foram preparados e então cada um deles colocado em seu lugar. "Moisés acabou a obra" (versículo 33). Deus aceita e abençoa toda a obra. Está completa.
Isso nos lembra D’aquele que foi capaz de dizer ao Pai: "Eu terminei a obra que me deste a fazer" (João 17:4). Mas a fidelidade de Moisés sobre toda a casa de Deus, mencionada em Hebreus 3:2... é apenas uma fraca sombra do Filho, "fiel ao que o constituiu". Ele revelou o Pai, santificou Seus "irmãos", construiu o verdadeiro tabernáculo, do qual se tornou o Sumo Sacerdote, estabeleceu uma nova ordem de coisas (não mais visíveis e materiais), na qual Deus pode ser conhecido, “acessado” e servido.
A nuvem cobre o tabernáculo e a glória de Deus o enche. Nem mesmo Moisés podia entrar ali. Mas Deus garantia a Israel a realidade da Sua presença com base em tudo o que o tabernáculo significava.
Naquele tempo a nuvem permanecia sobre o tabernáculo, enquanto Deus decretava que era para ficar em um lugar. Quando chegava a hora de viajar, Deus levantava a nuvem e conduzia a Israel no caminho que Ele escolheu. À noite, entretanto, um pilar de fogo substituía a nuvem, viajando ou parado. Tudo devia ser deixado nas mãos de Deus. Quão bom teria sido para Israel se eles sempre tivessem dependido da direção de Deus... e como seria bom para nós se fizéssemos o mesmo.
O livro de Êxodo é a história do povo de Deus durante o ano entre seu resgate no Egito e a edificação do tabernáculo. Este livro está repleto de figuras de Cristo e suas perfeições morais. É nossa responsabilidade adorar a este Cristo glorificado e viver na luz de sua santidade.
Com o último capítulo do Êxodo chegamos ao fim do estudo deste maravilhoso tabernáculo. Ele ilustrou muitos aspectos da obra de Cristo com suas consequências. A primeira dessas consequências é que Deus desce em glória para habitar no meio deste povo (versículo 34 e 35), Cristo como Filho é o brilho da glória de Deus (Hebreus 1:3). Assim, no Pentecostes, por causa da obra consumada de Cristo, o Espírito Santo de Deus desceu para formar a Igreja, de acordo com Efésios 2:22, para ser "habitação de Deus pelo Espírito". Desde então, apesar da ruína, Ele está lá, o Guia divino, guiando e dirigindo o povo de Deus, como fez a nuvem sobre o tabernáculo para Israel.
Quão gracioso de Sua parte não apenas acompanhar Seu povo, mas guiá-los "em todas as suas jornadas". Que possamos nós, como povo de Deus hoje, juntos depender do Senhor como nosso Guia!
Prezado leitor, acabamos de percorrer juntos as páginas deste livro precioso. Tenho a confiança que recolhemos algum fruto do nosso estudo. Confio que recolhemos alguns pensamentos edificantes acerca do Senhor Jesus e do Seu sacrifício, à medida que avançamos. É verdade que os nossos pensamentos mais elevados não podem ser mais que mesquinhos, e que o que percebemos de mais profundo é muito superficial comparado com a intenção de Deus em todo este livro. É agradável recordarmos que, pela graça, estamos no caminho que conduz àquela glória em que conheceremos como somos conhecidos; e onde os nossos corações se deleitarão com o resplendor do semblante d'Aquele que é o princípio e o fim de todos os caminhos de Deus, quer seja na criação, na providência ou na redenção. Encomendo-o, pois, ao Senhor em corpo, alma e espírito, orando para que possa compreender a profunda bem-aventurança de ter a sua parte em Cristo, e para que seja guardado na esperança da Sua vinda gloriosa. Amém.
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.