terça-feira, 30 de junho de 2020

Êxodo 25:1-22


 
(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)
 
 
Neste capítulo temos o início das instruções com respeito a adoração. 
Começamos a ler um dos assuntos mais interessantes e instrutivos do Antigo 
Testamento... o tabernáculo, "exemplo e sombra das coisas celestiais" (Hebreus 8:5), ele nos apresenta em todos os seus detalhes, como uma série de símbolos diferentes, as condições em que 
(1) o Deus Santo pode habitar no meio do Seu povo 
(2) nós, que somos pecadores, podemos nos aproximar deste Deus três vezes santo. 
Essas questões tratam das verdades básicas da nossa salvação e o lugar que ocupam na ordem divina. 
 
No Jardim do Éden, o pecado entrou através da desobediência, e a morte através do pecado. Por causa da santidade de Deus, o homem e a mulher precisaram ser tirados da presença de Deus. A primeira criação foi assim arruinada e toda a raça humana caiu. Mas, trancado no coração de Deus havia um segredo... que Ele enviaria Seu Filho amado a este mundo para se tornar Homem. Por Sua vida, morte, sangue derramado e ressurreição seria feita uma nova criação que jamais viria a fracassar. Deus queria dar uma figura disso... e o tabernáculo é essa figura. Pare e leia Hebreus 8:5 e 9:8, 9, 11 e 10:1,19, 20. 

Este tabernáculo era para ser o lugar onde Deus poderia Se encontrar com Aarão, o Sumo Sacerdote (o qual poderia representar o povo). Aarão também representava Deus perante o povo. Deus não saía, e o povo não poderia entrar (Hebreus 9:8). Mas agora cada crente no Senhor Jesus Cristo é um sacerdote diante de Deus (1 Pedro 2:5) e pode entrar diretamente na presença de Deus (Hebreus 10:19-22). Por isso ter um homem como cabeça de uma congregação é, na verdade, deixar de lado a obra de Cristo na cruz. É como voltar às sombras do Antigo Testamento. Nenhum detalhe foi deixado para Moisés resolver, sua responsabilidade era meramente a de executar o que o próprio Deus lhe havia mostrado como padrão. Tampouco Deus dá a você e a mim qualquer escolha quanto ao modo como Ele deve ser adorado. Todas as denominações são resultado do homem haver colocado em prática suas próprias ideias de como Deus deve ser adorado (1 Timóteo 1:3). 
 
Foi pedido ao povo que oferecessem os materiais necessários com os quais seria construído o tabernáculo. "De todo o homem cujo coração se mover voluntariamente". Era preciso vir do coração. Quando queremos descrever uma casa, não começamos com os móveis. Aqui, ao contrário, a arca toma o primeiro lugar porque representa Cristo, o centro de todos os conselhos de Deus. Era feita de madeira de cetim ou de acácia (uma árvore encontrada em áreas de solo árido, incorruptível, uma figura da humanidade de Cristo - Isaías 53:2), coberta de ouro puro, o emblema de Sua divindade. O propiciatório, feito de ouro puro, que servia de cobertura para a arca, fala de um Deus que demonstra favor - propício, satisfeito pelo sangue que era aplicado ali (ver Romanos 3:25) e que torna possível encontrar o pecador na sua presença (versículo 22). Quanto aos "querubins da glória", seres que representam o poder de Deus em punir qualquer desobediência contra os dez mandamentos, repare que eles estão parados; eles apenas olham para o sangue. Para nós o sangue de Cristo foi derramado para a pagar o preço dos pecados que cada crente tem cometido. Agora nenhum juízo pode cair sobre nós (Romanos 8:1; Romanos 5:1), estes rostos estavam voltados para o propiciatório (Hebreus 9:5), nos dizem também que há mistérios profundos e divinos que "os anjos desejam observar" (1 Pedro 1:12). 
 

Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Êxodo 24:1-18



(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)
 
 
Chegamos ao tempo quando a aliança (acordo) de que lemos no capítulo 19, os "Dez Mandamentos", serão confirmados com toda a solenidade entre Deus e os Israelitas. Ela é selada com sangue. 
Em Hebreus 8:9 e 9:18 em diante, nos diz o que aconteceu a essa promessa (aliança) e por quê existe uma "nova".  
Então o Senhor mostra um pouco do resplendor da sua glória aos anciãos de Israel. Eles veem "debaixo de seus pés havia como uma obra de pedra de safira e como o parecer do céu na sua claridade". (versículo 10, ver Ezequiel 1:26). Debaixo de seus pés...: pensamos no caminho glorioso do Filho de Deus, como os evangelhos nos apresentam, um caminho "como o céu na sua claridade (pureza)". Cristo não só "desceu do céu" e "ascendeu ao céu", mas existe algo que Ele nunca deixou de ser o "Filho do homem que está nos céus" (João 3:13). É na caminhada de Cristo aqui na terra que a glória de Deus pode ser admirada em todas as suas perfeições morais (Salmo 68:24). "Quem me vê a mim vê o Pai", disse Jesus aos Seus discípulos (João 14:9). O versículo 11 é o prenúncio da santa liberdade e da comunhão que os redimidos do Senhor Jesus desfrutam agora neste momento. Com base na obra consumada de Cristo e Sua presença à direita de Deus, eles estão em um certo sentido "em casa" na glória. 
 
Enquanto podemos aprender lições da "velha aliança", ela já não é o fundamento para bênção vinda de Deus. Deus não falhou, mas o homem foi provado totalmente incapaz de guardar o seu lado do acordo (aliança). No Cristianismo não existe aliança, pois estávamos mortos em pecados. Agora Deus veio a nós em pura graça (Efésios 2:8). 
 
Que experiência essa para aqueles quatro homens. Foi uma visão da glória de Deus, mais do que ver a Pessoa de Deus. Algo como o que é descrito em Mateus 17:2. Versículos como João 1:18, 1 Timóteo 6:16, João 4:24 nos mostram que é impossível para um homem realmente ver a Pessoa de Deus. Para que o homem pudesse "ver" a Deus de algum modo, o Filho se tornou um Homem. Mas é somente a fé que realmente enxerga Deus em Jesus! (João 14:9). 
 
Lembramos também de Moisés em outro monte: o monte da transfiguração, onde ele foi testemunha, junto com Elias e os três discípulos, da glória do Senhor Jesus (Lucas 9:28-36).  


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.
 

sábado, 27 de junho de 2020

Êxodo 23:20-33



(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir) 

 
O Senhor não só dá mandamentos a Israel. Ele os cerca com Seu terno cuidado. Ele fornece um guia para eles: Seu Anjo, que ia diante deles para conduzi-los e, ao mesmo tempo, dirigi-los em suas batalhas. Além disso, deste momento em diante, Ele lhes dá instruções sobre o fim de sua peregrinação. Já foram traçados amplos limites para herdar (versículo 31). 
 
Do mesmo modo, hoje, Deus fez provisão para o caminho de Seu povo cristão na terra, um companheiro de viagem, o Espírito Santo. A exortação a Israel no verso 21 "Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz... porque o meu nome está nele" talvez possa ser associada à exortação no Novo Testamento para não entristecer o Espírito Santo de Deus (Efésios 4:30). Guarda-te" significa que deviam temer (profundo respeito) e reverenciar a Deus. (Será que nós crentes devemos ser menos cuidadosos?). Em Sua graça, Deus deseja que os Seus tenham conhecimento de onde leva sua viagem: a bela herança que Seu amor preparou para eles com Jesus no céu. 
 
No entanto, entre todos os cuidadosos propósitos de Deus, há uma coisa que talvez estejamos menos dispostos a entender e aceitar, Sua grande preocupação de que Seu povo permaneça completamente separado das nações que os rodeiam. Não é para privá-los de qualquer coisa boa que Deus insiste nesta separação para os Seus. Pelo contrário, é em consequência de Seu amor, a fim de preservá-los do que certamente seria uma armadilha (versículo 33). Deus nos dá vitória sobre nossos inimigos (o mundo, a carne e o diabo), mas espera que lutemos a boa batalha de fé. O versículo 33 tem seu complemento em 2 Coríntios 6:14-18. A separação do mundo sempre foi a vontade de Deus para seu povo. O fracasso de Israel desobedecendo este mandamento trouxe sua queda (e leva a nossa também). É tão verdadeiro hoje como quando foi revelado, "as más companhias corrompem os bons costumes".


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Êxodo 23:6-19




(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir) 
 

Será que essa instrução “De palavras de falsidade te afastarás” serve para o mundo que vivemos atualmente?  “Também presente (propina) não tomarás; porque o presente cega os que têm vista e perverte as palavras dos justos”?

E logo a seguir o Senhor é obrigado a dizer ao Seu povo: "Não matarás o inocente e o justo" (a falsidade leva o inocente a morte). Esse mandamento, desgraçadamente, provou ser muito bem justificado, já que mais tarde o "Santo e o Justo" foi morto (Atos 3:14-15). O estrangeiro também é objeto de recomendações. Ele não devia ser oprimido nem maltratado (versículo 9, Êxodo 22:21, ver Jeremias 22:3). Levítico 19:34 vai muito mais longe: devemos amá-lo como a nós mesmos. No Novo Testamento, o Senhor Jesus declara que cuidar do estrangeiro que pertence a Ele equivale a acolher ao próprio Senhor Jesus (leia Mateus 25:35). Além disso, Jesus não foi o estrangeiro celestial que desceu para visitar homens? Seu coração, tão infinitamente terno, foi ferido pela ingratidão daqueles no meio dos quais Ele veio por amor! Sim, somos convidados a entender "o coração do estrangeiro" (versículo 9), o coração do Salvador. 
 
Lembra-se também de que já foi estrangeiro, acrescenta o Senhor. Nos colocarmos no lugar do outro é o “segredo” do amor! 
 
Nos versículos 10 a 13, Deus nos mostra o cuidado que Ele tem sobre toda a Sua criação: os animais, as plantas e a própria terra. Que possamos também aprender a respeitar tudo o que pertence ao nosso Pai celestial. O "guardai-vos" no versículo 13 significa ficar de prontidão ou ter muito cuidado. Nossa conversa deveria ser a respeito dEle e de Seu amor. 
 
Finalmente com relação a adoração, vamos enfatizar o fim do versículo 15: "ninguém apareça vazio perante mim" (Deuteronômio 26:2).


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Êxodo 22:1-23:5



(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)
 
 
Do capítulo 21 até o final do capítulo 23 é mostrado os mandamentos que completam a lei. O Senhor, em Sua perfeita sabedoria, prevê tudo o que pode acontecer e entra nas circunstâncias mais simples da vida de Seu povo: a promessa de um pobre, o encontro com um boi desgarrado... Vemos Ele garantindo a defesa dos fracos, colocando-os sob Sua proteção. No capítulo 22, temos vinte e um "se". O último versículo resume a intenção de todo ele, “ser-me-eis homens santos”. 

Era preciso haver honestidade no tratamento de uma pessoa para com outra. Dependendo do valor daquilo que era tirado ou destruído, a pessoa culpada tinha que restituir não apenas o que tomou, mas acrescentar algo. Satanás roubou honra de Deus (Gênesis 3:1-5). Cristo restaurou isso e mais do que isso por Sua vida e morte (Salmo 69:4). Satanás roubou o mundo do homem; Cristo nos deu o céu! O pagamento final de Satanás virá em Apocalipse 20:10 

A leviandade dos dias de hoje, ideias imorais, são coisas certamente condenadas por Deus. Nosso coração ama seguir por caminhos que Deus odeia.
Nos versículos 21 a 27, mostra quão cuidadoso cada um deveria ser com respeito àqueles que possuem pouco neste mundo. As três últimas palavras deste grupo de versículos são importantíssimas para os crentes lembrarem! 

Que tipo de pessoas devemos ser? (versículo 31). No versículo 28, "deuses" (versão inglesa) significa "juízes", e "príncipe" significa algum líder importante. Estes talvez nem sempre sejam corretos, mas devemos ter muito cuidado em como falamos a respeito deles, pois Deus ouve. 

No capítulo 23, versículo 2, uma instrução solene para meditarmos: "Não seguirás a multidão".
 
Para nós cristãos, junto com as verdades fundamentais relativas ao nosso Salvador e nossa salvação temos na inesgotável Palavra de Deus instruções para a nossa vida cotidiana. Mas, diferente do povo de Israel, o Espírito Santo nos foi dado. Ele habita no crente e faz com que ele conheça a vontade de Deus em todos os detalhes práticos de sua vida diária. Ele abre seu entendimento, mostra o que ele deve fazer e o que ele deve abster-se de fazer (1 Coríntios 6:12). A Bíblia é então algo completamente diferente de um conjunto de regras ou uma longa lista de "fazer" e "não fazer", de proibições e autorizações. Ela revela um Deus de amor, um Pai, cujo caráter somos convidados a reproduzir. "Sou misericordioso", diz Ele de Si mesmo no final do versículo 27. " Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso", isto é o que o Senhor Jesus nos ensinará (Lucas 6:36).


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Êxodo 21:7-36



(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)
 
 
Notamos que a severidade de Deus é exibida na lei. A sentença de morte é pronunciada contra pecados que hoje não são considerados dignos da sentença capital, mas devemos lembrar que o salário do pecado - de todo pecado - é a morte.
 
Se compararmos estes versículos com Mateus 5:17, entenderemos que o fiel Servo de Deus veio não somente para cumprir a lei, mas também para introduzir o que a supera. Enquanto a lei ordenava "Não matarás", Jesus declara que, se alguém chamar a seu irmão de “louco”, ele já merece o fogo do inferno! O Senhor deseja que compreendamos a cada dia mais a extensão da grande maldade em nosso coração. E Ele queria que conhecêssemos Seu próprio coração, que foi infinitamente mais longe do que a lei dizia: "Amarás ao teu próximo e odiarás o teu inimigo" (Mateus 5:43-44, ver Romanos 5:7-8, 10, Êxodo 22:1 com Salmo 69:4).  

Onde estaríamos se a inflexível lei "olho por olho, dente por dente" fosse aplicada a nós? Deus teria que varrer da terra toda a humanidade culpada de haver crucificado Seu Filho. Mas, ao invés disso, mesmo na cruz, Jesus coloca em prática o que Ele havia ensinado: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34). E o versículo 32 fixa o preço de um escravo - o mesmo preço pelo qual o Filho de Deus foi precificado (Mateus 26:15).


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Êxodo 20:18-26; 21:1-6



(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)
 
 
Esta cena dos versículos 18 a 21 é lembrada em Hebreus 12:18 em diante para mostrar a diferença que existe na posição do crente sob a graça e a lei. Para ele, não é pedido que faça isto ou aquilo, mas crer em Jesus, que já fez tudo. Além disso, o fim do capítulo não nos mostra o homem no papel de alguém que tenha feito boas obras, mas na posição de um adorador. É claro que o Sinai não é o lugar onde Deus e o pecador podem se encontrar (versículo 24). Não confunda este altar com aquele de que iremos ler mais tarde. Este é feito de terra e foi temporário. O versículo 25 nos ensina que as obras e ordenanças dos homens não têm lugar na adoração segundo Deus. Por fim, de acordo com o versículo 26, ninguém deve se elevar acima de seus irmãos, porque sua carne ficaria visível, para sua vergonha. 
 
Na cena do servo hebreu (21:2-6), reconhecemos o Senhor Jesus (Zacarias 13:5-6). Homem obediente, o único que cumpriu a lei, este perfeito Servo poderia ter saído livre, ascendido ao céu novamente sem passar pela morte. Mas Ele estaria lá sozinho. Em Seu amor infinito, Cristo desejava ter a companhia de uma Noiva. Que outro hebreu teria dito: “Eu amo a meu senhor, e a minha mulher, e a meus filhos”. Ele amou a “Igreja” e Se entregou por Ela. Ele pagou o preço necessário. Seu sangue derramado e Suas feridas são as marcas que demonstrarão por toda a eternidade a humilhação voluntária dAquele que tomou a "forma de servo" (Filipenses 2:7) e que, até na glória, terá prazer em servir aos Seus (Lucas 12:37). Ele escolheu de Sua própria e graciosa vontade ser servo para sempre. Ele nunca deixará de ser uma pessoa da divindade, o Filho, assim como o Senhor exaltado. Mas Ele é, por Sua própria graça, servo para sempre. 
 
Ele deu uma amostra disso antes de subir ao céu. Quando chegou a hora, tomou uma bacia com água, uma toalha e lavou os pés de Seus discípulos. O que eles não sabiam, e que deveriam saber a partir de então, como sabemos agora. Intimidade com o que é invisível e celestial é tão parte de um cristão quanto o conhecimento do que se passa em torno de nós hoje. Devemos conhecer o céu melhor do que a terra. Podemos saber e julgar o que está se passando no mundo, ainda que através de um meio imperfeito; mas nós conhecemos o céu e as coisas celestiais de Deus. Não é meramente como tendo a palavra que revela o céu; mas nós isso conhecemos Daquele que veio do céu e está acima de tudo, e testifica o que viu e ouviu; nós conhecemos isso por meio do Espírito Santo que desceu dele -  do céu - e, portanto, deve conhecê-lo melhor do que a terra e as coisas do mundo que aprisionam a carne. Mas olhando para o dia da glória que está por vir, quando o Senhor se manifestar publicamente, e nós manifestados com Ele, transformado em Sua gloriosa semelhança, poderia alguém pensar que certamente Seu serviço então cessaria. Mas não é assim: terá uma nova forma. Ele é servo por Sua própria escolha para sempre. Assim como Ele nunca deixará de ser Deus, Ele nunca deixará de ser homem. Em Seu amor Ele se tornou servo para sempre; E Ele "ama" ser assim.  


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Êxodo 20:1-17



(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)
 
 
Agora aqui está a lei que o Senhor deu ao Seu povo. Ele coloca em evidência a maldade do homem, sua inclinação para cometer cada ato que aqui é proibido. Estes mandamentos são necessários para manifestar de forma clara e abundante a perversidade da nossa natureza (leia 1 Timóteo 1:9 até o final).  
 
Os quatro primeiros mandamentos dizem respeito à relação do homem com Deus: um Deus único, Santo, que é Espírito, mas também cheio de bondade que preparou um descanso para os Seus. A honra é primeiramente para Deus, depois disso, de acordo com o quinto mandamento, é devida aos pais. Então temos quatro mandamentos que tratam das relações com “o nosso próximo” na vida social. Finalmente, o último refere-se a nós mesmos, ele vai até as profundezas de nossos corações para lá revelar nossos desejos mais íntimos, aqueles que não falamos para ninguém. Em resumo, a essência da lei é o amor. Paulo escreve aos romanos: "Quem ama aos outros cumpriu a lei... não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Romanos 13:8-9, comparar com Mateus 22:34-40). 
 
Devemos lembrar que Israel foi escolhido, não apenas para ser a nação central no esquema de Deus para o governo de Cristo sobre a terra, mas também para ser a nação de amostra, em quem deveria ser feito o teste em relação ao real estado da humanidade caída. Eles são uma nação que brotou dos melhores espécimes humanos - Abraão, que era "amigo de Deus". Além disso, eles surgiram por um milagre - o nascimento de Isaque. Eles foram especialmente separados das nações idólatras e divinamente educados pelas vozes dos profetas. Nada mais justo do que testar a humanidade neste povo, eles eram a melhor amostra obtida. Nós, gentios, nunca fomos colocados sob à lei, mas devemos lembrar sempre que, quando falamos de como a lei trouxe condenação a Israel, estamos condenando a nós mesmos. 
 
Os "dez mandamentos" apenas condenam todas as pessoas. Eles mostram o quão pecadores somos por natureza. Lembre-se de Hebreus 7:19. Estas palavras nos ensinam as coisas que Deus exige, e apenas Cristo podia guardá-las. Sendo um Homem perfeito, Ele poderia morrer por nossos pecados. Ele satisfez perfeitamente a Deus com respeito a nossos pecados, de modo que se Cristo fosse aceito de volta ao céu (e Ele foi), assim será aceito também cada crente.


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.

sábado, 20 de junho de 2020

Êxodo 19:16-25



(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)

 
Quando uma criança pequena acha que é capaz de fazer algo impossível: por exemplo, para levantar um saco de 100 quilos, o que o pai lhe diz? "Tente!" É somente quando a criança provou por seu fracasso, que seu pai tem razão, que ela está pronta para confiar em seu pai para fazer o necessário em seu lugar. Essa é a lição que Israel terá que aprender no monte Sinai. As pessoas pensam que podem fazer tudo o que o SENHOR exige. Então, são apresentadas a elas as Suas santas exigências. 

O Senhor conhecia o povo muito melhor que Moisés. Devemos ter uma santa reverência a Deus continuamente. 

Esta foi a maneira de Deus mostrar a Si mesmo ao povo daquela vez. Hebreus 12 lembra esta cena (Hebreus 12:18-29) e nos mostra que não é esta a maneira de Deus hoje! Ela expõe o contraste entre "o monte palpável (que pode ser tocado)" e o de Sião (o da graça), o qual somos convidados a nos aproximarmos. Já não é Moisés quem está atuando como mediador na montanha, mas Jesus que está no céu intercedendo por nós. "Por isso", conclui o escritor da epístola, " tenhamos graça, pela qual prestemos serviços mui agradáveis a Deus com reverência e temor". Este temor de desagradar ao Senhor não surge de mandamentos rígidos, nem de compromissos imprudentes que podemos ter feito ou, como vemos aqui, de uma exibição solene do poder de Deus. É a resposta de nossos corações à Sua graça imensurável para conosco (Salmos 130:4). Temos que ir a Jesus e ao Seu precioso sangue, e estamos em terreno de graça. Não é "fazer e viver", é "viver e fazer".


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.



sexta-feira, 19 de junho de 2020

Êxodo 19:1-15



(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)

 

 

Depois do deserto de Sur (Êxodo 15:22) e de Sim (Êxodo 16:1), o povo chega ao deserto do Sinai. Levados sobre asas das águias (símbolo de poder, versículo 4), eles agora chegam ao lugar onde o Senhor fará Suas revelações e ensinará a eles a maneira pela qual Ele deseja que o sirvam (Êxodo 10:26). No Egito, como vimos, nenhuma adoração era possível. Por outro lado, assim que a redenção foi realizada, assim que Deus separou o Seu povo, Ele espera deles o serviço de louvor. "Vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa", Ele declara no versículo 6, "para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz", como conclui em 1 Pedro 2:9.

 

Sendo assim, nosso capítulo começa uma nova seção do livro. Até aqui, temos considerado sobre o que o Senhor tem feito em graça por Seu povo. A partir de agora, encontraremos o que Ele espera de retorno de Seu povo. Deus chamou Moisés para ir até Ele numa montanha. Ali Deus lembrou a Moisés de como Ele havia cuidado deles. Tudo dependia de Deus. Agora Ele iria colocá-los em um terreno de prova. Se obedecessem, seriam abençoados. Deus sempre começa dando, antes de exigir. Infelizmente, apesar de Mara e Meribá, esse pobre povo não sabe nada sobre ele mesmo. Eles respondem fazendo uma promessa tola que Deus não pediu. "Tudo o que o Senhor tem falado faremos" (versículo 8). Que erro! Não vai demorar muito para mostrar como eles mantêm este compromisso. Eles abandonam o pacto de graça de Jeová pela aliança das obras do homem.

 

 

Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.

 

 

ISRAEL AO PÉ DO MONTE SINAI

 

O Pacto da Graça

 

Eis-nos agora chegados a um ponto muito importante na história de Israel. O povo fora conduzido ao pé do "monte palpável, acesso em fogo" (Hebreus 12:18). A cena de glória milenial, que nos apresentou o capítulo anterior, desaparecera. Fora apenas um momento breve de sol durante o qual fora proporcionada uma viva imagem do reino; porém o sol desvaneceu-se rapidamente e grossas nuvens amontoaram-se sobre esse "monte palpável", onde Israel, num espírito funesto e insensível de legalismo, abandonou o pacto de graça de Jeová pela aliança das obras do homem. Impulso fatal! Que foi seguido dos resultados mais funestos. Até aqui, como temos visto, nenhum inimigo pôde subsistir diante de Israel - nenhum obstáculo pôde deter a sua marcha vitoriosa. Os exércitos de Faraó haviam sido destruídos; Amaleque e o seu povo haviam sido passados a fio de espada: tudo fora vitória, porque Deus interviera a favor do Seu povo, em conformidade com as promessas que fizera a Abraão, Isaque e Jacó.

 

Nos primeiros versículos do capítulo que temos perante nós, o Senhor resume de uma maneira tocante aquilo que tem feito por Israel: "Assim falarás à casa de Jacó e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim; agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes o meu concerto, então sereis a minha propriedade peculiar de entre todos os povos; porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo" (versículos 3 a 6). Note-se que o Senhor disse: "a minha voz" e "o meu concerto". Que dizia essa "voz" e que implicava esse "concerto"? A voz de Jeová tinha-se feito ou vir para impor as leis e as ordenações de um legislador severo e inflexível? De modo nenhum. Falou para dar liberdade aos cativos - para prover um refúgio da espada do destruidor - para preparar um caminho para que os remidos pudessem passar, para fazer descer pão do céu, para fazer brotar água da rocha. Tais foram as expressões graciosas e inteligíveis da "voz" do Senhor até ao momento em que Israel acampou defronte do monte.

 

Quanto ao Seu "concerto" era um concerto de pura graça. Não impunha condições, não podia nada, não punha nenhum fardo sobre os ombros nem jugo no pescoço. Quando "o Deus da glória apareceu" a Abrão em Ur dos caldeus (Atos 7:2), de certo que não lhe disse "farás isto" e "não farás aquilo". Oh! não; uma tal linguagem não seria segundo o coração de Deus. Ele prefere muito mais pôr uma mitra limpa sobre a cabeça do pecador do que pôr um jugo de ferro sobre o seu pescoço (Zacarias 3:5; Deuteronômio 28:48). A Sua palavra a Abraão foi: "DAR-TE-EI". A terra de Canaã não podia ser adquirida pelas obras do homem, mas devia ser dada pela graça de Deus. Assim era; e, no princípio do livro do Êxodo vemos Deus descendo em graça para cumprir a Sua promessa aos descendentes de Abrão. O estado em que encontrou essa posteridade não importava, tanto mais que o sangue do cordeiro Lhe dava um fundamento perfeitamente justo para realizar a Sua promessa. Evidentemente não havia prometido a terra de Canaã à posteridade de Abrão com base em qualquer coisa que houvesse antevisto neles, porque isto teria destruído a verdadeira natureza de uma promessa. Em tal caso teria sido um pacto e não uma promessa: "ora as promessas foram feitas a Abraão", não por um pacto (veja-se Gálatas 3:1-29).

 

Por isso, no princípio desse capítulo 19, faz-se lembrar ao povo a graça com que o Senhor havia tratado com eles até ali, e recebem também a garantia daquilo que ainda hão de ser, contanto que continuem a atender a "voz" celestial de misericórdia e a permanecer no "pacto" de graça. "Sereis a minha propriedade peculiar de entre todos os povos". Como podiam eles conseguir isto? Podiam consegui-lo aos tropeções pela escada da própria justiça e do legalismo? Seriam uma "propriedade peculiar" quando amaldiçoados pelas maldições de uma lei transgredida-violada antes mesmo de a haverem recebido? Seguramente que não. Logo, como ia ser esta "propriedade peculiar"? Permanecendo naquela posição em que o Senhor os viu quando obrigou o profeta ambicioso a exclamar: "Que boas são as tuas tendas, ó Jacó! Que boas as tuas moradas, ó Israel! Como ribeiros se estendem, como jardins ao pé dos rios; como árvores de sândalo o SENHOR a plantou, como cedros junto às águas. De seus baldes manarão águas, e a sua semente estará em muitas águas; e o seu rei se exalçará mais do que Agague, e o seu reino será levantado. Deus o tirou do Egito; as suas forças são como as do unicórnio; consumirá as gentes, seus inimigos, e quebrará seus ossos, e com as suas setas os atravessará" (Números 24:5-8).

 

 

Um Compromisso Presunçoso

 

Contudo, Israel não estava disposto a ocupar esta posição. Em vez de se regozijarem com "a santa promessa" de Deus, aventuraram-se a tomar o voto mais presunçoso que lábios humanos podiam pronunciar. "Então, todo o povo respondeu a uma voz e disse: Tudo o que o SENHOR tem falado faremos" (versículo 8). Esta linguagem era ousada. Não disseram, "esperamos fazer" ou "procuraremos fazer" o que o Senhor disser; o que teria mostrado certo grau de desconfiança em si mesmos. Mas não: pronunciaram-se da maneira mais absoluta: "Faremos". Nem tampouco isto era a linguagem de alguns espíritos presunçosos, cheios de confiança em si mesmos que presumiam representar toda a congregação. Não; "Todo o povo respondeu a uma voz". Abandonaram unânimes a "santa promessa" - o "concerto santo."

 

E agora, veja-se o resultado. Logo que Israel pronunciou o seu "voto" singular, assim que decidiu "fazer" tudo o que o Senhor mandasse, deu-se uma mudança no aspecto das coisas. "E disse o SENHOR a Moisés: Eis que eu virei a ti numa nuvem espessa... e marcarás limites ao povo em redor, dizendo: Guardai-vos, que não subais o monte, nem toqueis o seu termo; todo aquele que tocar o monte certamente morrerá". Vemos nesta passagem uma mudança notável: Aquele que acabava de dizer,"... vos levei sobre asas de águias e vos trouxe a mim", agora oculta-Se "numa nuvem espessa" e diz: "Marcarás limites ao povo em redor". Os acentos agradáveis de graça são trocados pelos "trovões e relâmpagos" do monte fumegante. O homem havia ousado falar das suas miseráveis obras na presença da magnificente graça de Deus. Israel dissera: "Faremos", e portanto é preciso que sejam postos à distância de forma a poder ver claramente o que é que podem fazer. Deus toma o lugar de distância moral; e o povo não pensa de modo nenhum em encurtá-la, porque todos estão cheios de temor e tremendo; e não era de admirar, porque a visão era; "terrível" - tão terrível que "Moisés disse: Estou todo assombrado e tremendo (Hebreus 12:25). Quem poderia suportar a vista desse "fogo consumidor", que era a justa expressão da santidade divinal "...O SENHOR veio de Sinai, e lhes subiu de Seir; resplandeceu desde o monte Para, e veio com dez milhares de santos; à sua direita havia para eles o fogo da lei" (Deuteronômio 33:2). O termo "fogo", aplicado à lei, mostra a sua santidade. "O nosso Deus é um fogo consumidor" (Hebreus 12:29) - que não transige com o mal em pensamento, palavras ou ações.

 

Desta forma, pois, Israel cometeu um erro fatal em dizer, "faremos". Isto era fazer um voto que não podiam, ainda mesmo que quisessem, cumprir; e nós conhecemos aquele que disse "melhor é que não votes do que votes e não pagues" (Eclesiastes 5:5). O próprio caráter do voto implica a competência de o cumprir; e onde está a competência do homem? - Para um pecador desamparado fazer um voto, seria o mesmo que um homem falido passar um cheque. Aquele que faz um voto nega a verdade quanto à sua própria condição e natureza. Está arruinado, que poderá fazer? - Encontra-se inteiramente sem forças, e não pode querer nem fazer nada bom. Israel cumpriu o seu voto? - Fizeram tudo que o Senhor lhes havia mandado? O bezerro de outro, as tábuas feitas em pedaços, o sábado profanado, as ordenações menosprezadas e abandonadas, os mensageiros de Deus apedrejados, o Cristo rejeitado e crucificado, e a resistência ao Espírito, são provas esmagadoras de como o homem violou os seus votos. Acontecerá assim sempre que a humanidade caída fizer votos.

 

Não se regozija o leitor cristão no fato de que a sua salvação eterna não descansa sobre os seus miseráveis votos e resoluções, mas sim sobre a "oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez"? (Hebreus 10:10). Oh, sim, é sobre este fato que está fundado o nosso gozo, que nunca pode falhar. Cristo tomou todos os nossos votos sobre Si Mesmo e cumpriu-os gloriosamente para todo o sempre. A Sua vida de ressurreição corre nos Seus membros e produz neles resultados que os votos e as exigências da lei não podiam produzir. Ele é a nossa vida e a nossa justiça. Que o Seu nome seja precioso para os nossos corações e que a Sua causa domine sempre a nossa vida. Que a nossa comida e a nossa bebida seja gastar e gastarmo-nos no Seu glorioso serviço.

 

Não posso terminar este comentário sem mencionar uma passagem do Livro de Deuteronômio, que pode oferecer alguma dificuldade para certos espíritos e que se relaciona com o assunto que acabamos de tratar. "Ouvindo, pois, o SENHOR a voz das vossas palavras, quando me faláveis a mim, o SENHOR me disse-. Eu ouvi a voz das palavras deste povo, que te disseram; em tudo falaram eles bem" (Deuteronômio 5:28). Poderia parecer, segundo estas palavras, que o Senhor aprovava que eles tivessem feito um voto; porém, se o leitor se der ao trabalho de ler todo o contexto, desde o versículo 24 ao versículo 27, verá imediatamente que não se trata de um voto, mas da expressão do seu terror por causa das consequências do seu voto. Não podiam suportar aquilo que lhes era ordenado. "Se ainda mais ouvíssemos a voz do SENHOR, nosso Deus, morreríamos. Porque, quem há, de toda a carne, que ouviu a voz do Deus vivente falando do meio do fogo, como nós, e ficou vivo? Chega-te tu, e ouve tudo o que disser o SENHOR nosso Deus; e tu nos dirás tudo o que te disser o SENHOR nosso Deus, e o ouviremos, e o faremos". Era esta a confissão da sua incapacidade para se encontrarem com o Senhor sob o aspecto terrível a que o seu legalismo orgulhoso os havia levado. É impossível que o Senhor possa aprovar o abandono de graça imutável por um fundamento movediço de "obras da lei".

 

 


quinta-feira, 18 de junho de 2020

Êxodo 18:13-27



(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)

 

 

Jethro aconselha Moisés a delegar a outros uma parte de seu serviço. Este conselho tem a aparência de sabedoria, mas não tem conhecimento do poder do Espírito de Deus! É considerado um dos princípios básicos para a instituição de clérigos. Os homens são escolhidos e investidos de autoridade pelos outros, de acordo com uma hierarquia que estabelece intermediários entre Deus e os simples crentes. Mas a Palavra de Deus reconhece na Igreja apenas um Cabeça, que é plenamente capaz de lidar com tudo o que diz respeito aos Seus (Efésios 4:5). E Jesus não se preocupa apenas com as "grandes questões", as "questões difíceis". Nada que seja de nosso interesse é muito pequeno ou insignificante para Ele. Que nunca tenhamos medo ou receio de nos dirigirmos diretamente a Ele (leia 1 Pedro 5:7).

 

Em seu aspecto profético, este capítulo nos mostra que Cristo não exercerá sozinho a administração do reino (Mateus 19:28). Quando Ele vier com os seus santos, o governo será estabelecido com várias responsabilidades para a plena glória de Deus. Este trecho é uma figura do reino do Senhor durante o milênio. No Salmo 72:2-3 existe uma linda referência sobre esse grande período de tempo. Tudo estará perfeitamente em ordem. Todavia, não devemos menosprezar o fato de que o próprio Moisés cometeu um erro ao dar ouvidos a Jetro. Parecia um bom conselho, mas se Deus tinha dado a tarefa para Moisés executar, então Deus daria a ele as forças para fazê-la.

 

Enquanto o povo de Deus segue seu caminho pelo deserto, Jetro volta para sua própria terra (verso 27). A vida de fé, o papel de peregrino e estrangeiro, não é atrativo para ele. Infelizmente, muitos cristãos se parecem com ele!

 

 

Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.    

 


quarta-feira, 17 de junho de 2020

Êxodo 18:1-12



(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)
 
 
Aqui encontramos Jetro novamente, o sogro de Moisés. Ele personifica as nações da terra que, no futuro, se regozijarão com Israel pela libertação deste povo e darão glória a Deus. Ao mesmo tempo percebemos que Zípora e seus filhos, representando a Igreja, como vimos anteriormente no capítulo 2, não tiveram parte nas provas e na libertação de Israel. A Igreja terá sido arrebatada da terra quando a grande tribulação e a restauração do povo judeu acontecer. Moisés casou-se com uma mulher gentia, chamada Zípora. Ela foi mandada embora, mas agora volta. (Uma figura de nós crentes. Somos a esposa gentia de Cristo. Durante o tempo em que Israel passa pela tribulação, nós crentes, a igreja, estaremos longe, no céu. Mas durante o milênio, a igreja e Israel vão se regozijar juntos por Cristo ser o Centro de tudo. Será um dia de gozo indizível para Ele, e cada porção desse gozo irá gerar uma resposta no coração da "noiva do Cordeiro" (os crentes) (Apocalipse 19:6-9)).  
 
O nome de Gérson nos recorda, pelo significado de seu nome, que Cristo, assim como Moisés, foi estrangeiro nesta terra e a Igreja também é estrangeira aqui. Mas nesta difícil situação, a ajuda de Deus é assegurada. É isso que o nome Eliezer significa. No versículo 8, Moisés dá o testemunho de tudo o que Deus fez pelo povo. Um bom exemplo para nós, não é mesmo? Que não tenhamos o temor de contar aos outros, começando pelos membros de nossa própria família, que talvez não saibam, como fomos resgatados. O resultado deste testemunho aparece no versículo 11: Jetro reconhece a grandeza do Senhor, dá-Lhe glória, oferece sacrifícios e finalmente come, ou em outras palavras, tem comunhão com o povo resgatado na presença de Deus. 
  
O capítulo 18 marca uma divisão no livro de Êxodo. Até agora, o maná, a pedra ferida e a água brotando nos falaram da vida de Cristo, sua morte e a vinda do 
Espírito Santo. Agora lançamos um olhar para a glória futura de Cristo. Moisés aqui é uma figura do reino de Cristo na terra. Vemos também os judeus, representados por seus filhos; os gentios, representado por Jetro; e a Igreja, representada pela esposa gentia de Moisés, Zípora. Todos estes desfrutam das bênçãos do reino milenial: judeus e gentios como súditos do reino e a Igreja reinando com Cristo sobre toda a terra. Moisés provavelmente havia deixado sua esposa e dois filhos em Midiã quando voltou para o Egito. Agora Jetro traz Zípora, Gérson e Eliezer (Deus é ajuda) a Moisés para uma reunião alegre. Aqui parece que Jethro havia se convertido ao único Deus verdadeiro. 


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.

terça-feira, 16 de junho de 2020

Êxodo 17:8-16




(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)
 
 
Depois de ser alimentado e a sede saciada, o povo está preparado pelo Senhor para uma nova experiência: a luta contra Amaleque. Somente depois de terem sido fortalecidos "no Senhor e na força do seu poder" que os crentes estão preparados para enfrentar seus inimigos (Efésios 6:10-13). No Mar Vermelho, o Senhor lutou por Seu povo e eles permaneciam em paz (Êxodo 14:14). A cruz foi a luta solitária do Senhor. Não podíamos fazer nada para nossa salvação. Mas após a conversão, as lutas começam (Gálatas 5:17). Como um poderoso exército, todos os nossos velhos defeitos voltam para nos perturbar, uma guerra contra nós (1 Pedro 2:11). E como vimos em Efésios 6:12, também temos inimigos espirituais. Mas podemos contar com o Senhor para tudo? Claro que sim! Na cruz, Ele lutou por nós, tomou o nosso lugar, mas agora luta com a gente - Ele é o verdadeiro Josué.  
 
Josué (Jeová é salvação) aparece pela primeira vez. Como servo de Moisés pelejando contra Amaleque (habitante dum vale – Strong PT) em Refidim (paradas ou lugares de descanso – Strong PT). Enquanto Moisés erguia a mão intercedendo e dependendo de Deus, os israelitas mantinham a margem de vitória. Mas quando Moisés baixava a mão, prevalecia Amaleque. Amaleque era descendente de Esaú, aqui, uma figura da carne, ou seja, a natureza adâmica, vil e corrupta, do homem. É possível observar alguns paralelos entre a carne e os amalequitas:  
(1) aparecem depois que o Espírito Santo é dado na conversão para lutar contra o Espírito;  
(2) o Senhor fará guerra contra a carne de geração em geração;  
(3) até a morte ou o arrebatamento da Igreja, nunca é erradicado do crente;  
(4) sugere duas maneiras de defesa: oração e a Palavra de Deus. Nesta história, Josué nos ensina a lutar e Moisés nos ensina a orar (Salmo 144:1-2). 
 
No entanto, é em cima do monte que a vitória é decidida. Cristo, o verdadeiro Moisés e o verdadeiro Arão, desde sua ressurreição e ascensão está no céu intercedendo pelos Seus. E Suas mãos nunca se cansam (Romanos 8:34, 37, Hebreus 7:25). O resultado da batalha não depende da força dos combatentes, mas da sua fé e as orações do Senhor Jesus.


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Êxodo 16:32-36; 17:1-7


 
(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)
 
 
"Toma um vaso, e mete nele um gômer cheio de maná..." (versículo 33). Era a parte de Deus, a décima parte de um efa. Um vaso de maná era guardado no tabernáculo para observação das gerações futuras (versículos 32 a 34). "O maná escondido, Cristo desceu do céu para se tornar homem, depois ressuscitou e foi exaltado ao céu com um corpo glorificado, isto pertence as delícias de Deus" (H. R.) - delícias que Ele compartilha com os vencedores (Apocalipse 2:17). 
 
Depois da fome, a sede é o motivo para que o povo volte a murmurar. E novamente Deus usa sua graça para nos revelar um precioso mistério, cuja explicação encontra-se em 1 Coríntios 10:4: "beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo" (comparar com João 7:37-39). Uma rocha é o lugar mais improvável para encontrar água, e especialmente em Horebe, que significa "lugar seco". Mas para dar água (a vida do Espírito) era necessário que a rocha fosse ferida, assim como Cristo foi ferido na cruz pela mão do próprio Deus. No entanto, é necessário observarmos: é o pecado do povo, as suas murmurações e rebeliões, que exigiram o golpe da rocha. "Pela transgressão do meu povo foi ele atingido", disse o profeta (Isaías 53:8). O nome do lugar foi chamado Massá (que significa "tentação") e Meribá ("repreensão"), uma dolorosa lembrança de Israel ter infielmente insultado a Deus que nunca deixou de cuidar deles. Assim como o maná é uma imagem de Cristo descendo do céu (o pão de Deus para nós enquanto estamos no mundo), a rocha ferida nos fala de Cristo crucificado e a água viva representa o Espírito Santo, o poder da nova vida que o Salvador morto e ressuscitado dá a todos os que Nele creem. 


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.

sábado, 13 de junho de 2020

Êxodo 16:13-31




(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)
 

"Nossos pais comeram o maná no deserto...". A multidão lembrou ao Senhor Jesus. Mas Ele lhes responde que Ele mesmo é o "verdadeiro pão... aquele que desce do céu" (João 6:31-33). Cristo é o alimento do crente; Ele dá a vida eterna e a alimenta. Neste contexto, o nosso capítulo nos fornece diversas instruções práticas de grande importância: 

1. A quantidade de maná coletada dependia de seu apetite (versículo 18). Nós desfrutamos de Cristo na medida em que o desejamos. E nunca iremos desejá-Lo em excesso! (Salmo 81:10). 

2. O maná satisfaz as necessidades do dia, não as do dia seguinte. Cristo deve ser meu sustento, minha força para as necessidades do dia. Se, por exemplo, hoje tenho necessidade especial de paciência, vou encontrá-la meditando na perfeita paciência de Jesus. 


3. Finalmente, os filhos de Israel tinham que recolher sua porção de maná cada manhã antes de se derreter no calor do dia. 

Que possamos nos alimentar com a Palavra do Senhor de manhã cedo, antes que as ocupações do dia possam comecem e tirem a oportunidade de fazê-lo. Não passamos um dia sem alimentar nosso corpo. Então, nunca privemos nossa alma da única comida que pode torná-la viva e próspera: Jesus, o Pão da vida. O deserto não produziu uma folha de erva nem deu uma gota de água para o Israel de Deus. A sua porção estava só em Deus. "Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim quem de mim se alimenta também viverá por mim" (João 6:57).  


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.


O Maná 
Contudo, como Israel estava debaixo da graça, as suas necessidades são supridas de uma maneira maravilhosa, como lemos no versículo 4, deste capítulo: "Então, disse o SENHOR, a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus". Quando se achavam envolvidos pela nuvem fria da incredulidade, eles haviam dito: "Quem dera que nós morrêssemos por mão do SENHOR, na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar!" Porém, agora Deus diz que lhes dará "pão dos céus". Abençoado contraste! Que diferença espantosa entre as panelas de carne, os alhos porros e as cebolas do Egito e este maná celestial- "o pão dos poderosos"! (Salmo 78:25 – Darby). Aquelas coisas pertenciam a terra, este pão era do céu. Mas este alimento celestial era necessariamente, uma experiência da condição de Israel, como está escrito, "...para que eu veja se anda em minha lei ou não". Era preciso ter um coração separado das influências do Egito para se dar por satisfeito, ou apreciar "o pão dos céus". Com efeito, sabemos que o povo não se contentou com este pão, antes o desprezou, declarou-o "pão vil" e desejou carne. 

Desta forma os israelitas mostraram quão pouco separados estavam os seus corações do Egito e como não estavam dispostos a andar na lei de Deus: "...em Seu coração se tornaram ao Egito" (Atos 7:39). 

Porém, longe de serem reconduzidos para ali, foram transportados, por fim, para além de Babilônia (Atos 7:43). Eis uma lição solene e salutar para os cristãos. Se aqueles que foram libertados deste presente século mau não andam com Deus com corações agradecidos, satisfeitos com a provisão que Ele fez para os remidos no deserto, estão em perigo de cair nos laços da influência de Babilônia. É uma reflexão muito séria, que requer gosto celestial para se poder alimentar do Pão do céu. A natureza não pode saborear um tal alimento; suspira sempre pelo Egito, e, portanto, deve ser sempre dominada. É nosso privilégio, como aqueles que foram batizados na morte de Cristo e ressuscitados "pela fé no poder de Deus" (Colossenses 2:12), alimentarmo-nos de Cristo como "o pão da vida que desceu do céu" (João 6:51). 


Cristo: O Pão Vivo que Desceu do Céu 

Este é o nosso alimento nesta peregrinação - Cristo apresentado pelo ministério do Espírito Santo através das Escrituras; enquanto que, para nosso refrigério espiritual, o Espírito Santo veio, como o fruto precioso da Rocha ferida - Cristo, que foi ferido por nós. Essa é a nossa parte neste mundo. 

Ora, é evidente que, a fim de podermos desfrutar uma parte como esta, os nossos corações devem estar separados de tudo neste presente século mau - de tudo aquilo que poderia despertar a nossa cobiça como aqueles que vivem na carne. Um coração mundano e carnal não encontra Cristo nas Escrituras nem poderá apreciá-Lo, se O encontrar. O maná era tão puro e mimoso que não podia suportar contato com a terra. Por isso, descia sobre o orvalho (veja Números 11:9) e tinha de ser recolhido antes do sol se elevar. Cada um, portanto, devia levantar-se cedo e recolher a sua parte. O mesmo acontece com o povo de Deus agora: o maná celestial deve ser colhido todas as manhãs. O maná de ontem não serve para hoje nem o de hoje para amanhã. Devemos nos alimentar de Cristo cada dia que passa, com novas energias do Espírito, de contrário deixaremos de crescer. Ademais, devemos fazer de Cristo o nosso primeiro objetivo. Devemos buscá-lo "cedo", antes de "outras coisas" terem tempo de se ponderar dos nossos pobres corações. E nisto que muitos de nós, enfim, falhamos! Damos a Cristo o segundo lugar, e como consequência ficamos fracos e estéreis. O inimigo, sempre vigilante, aproveita-se da nossa indolência espiritual para nos roubar a bem-aventurança e as forças que recebemos nutrindo-nos de Cristo. A nova vida no crente só pode ser alimentada e mantida por Cristo. "Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim quem de mim se alimenta também viverá por mim" (João 6:57). 

A graça do Senhor Jesus Cristo, como Aquele que desceu do céu, para ser o alimento do Seu povo, é inefavelmente preciosa para a alma renovada; porém, a fim de poder apreciá- Lo desta forma, devemos compreender que estamos no deserto, separados para Deus, no poder de uma redenção efetuada. Se ando com Deus através do deserto, estarei satisfeito com o alimento que Ele me dá, e este é Cristo, como Aquele que desceu do céu. "O trigo da terra" de Canaã, "do ano antecedente" (Josué 5:11) tem o seu antítipo em Cristo elevado às alturas e assentado na glória. Como tal, Ele é o próprio alimento daqueles que, pela fé, sabem que estão ressuscitados e assentados juntamente com Ele nos lugares celestiais. Porém, o maná, isto é, Cristo como Aquele que desce do céu, é o sustento para o povo de Deus, na sua vida e experiências do deserto. Como um povo estrangeiro no mundo, necessitamos de um Cristo que também aqui viveu como estrangeiro; como povo assentado nos lugares celestiais, temos um Cristo que também ali está assentado. Isto poderá explicar a diferença que existe entre o maná e o trigo da terra do ano antecedente. Não se trata da redenção, pois esta já a temos no sangue da cruz, e ali somente; mas simplesmente da provisão que Deus fez para o Seu povo em face das variadas condições em que este se encontra, quer seja lutando no deserto ou tomando posse em espírito da herança celestial. 


A Glória do Senhor na Nuvem 

Que quadro admirável nos oferece Israel no deserto! Detrás de si ficava o Egito, na sua frente estava a terra de Canaã, e à sua volta a areia do deserto; enquanto que eles mesmos estavam reduzidos a esperar do céu o seu sustento diário! O deserto não produziu uma folha de erva nem deu uma gota de água para o Israel de Deus. A sua porção estava só em Deus. Nada têm aqui. A sua vida, sendo celestial, só pode ser mantida por coisas celestiais. Embora estejam no mundo, não são do mundo, porque Cristo os escolheu dele. Como povo celestial por nascimento, acham-se de caminho para a sua pátria; e são mantidos por alimento que lhes é enviado dali. A sua marcha é para diante e para cima. A glória só assim os dirige. É inteiramente inútil volver os olhos para trás na direção do Egito, porque nem um só raio de glória se pode distinguir ali; "...e eles viraram para o deserto, eis que a glória do SENHOR apareceu na nuvem". A coluna de fogo do Senhor estava no deserto, e todos os que desejam ter comunhão com Ele tinham de estar ali também, e, estando ali, o maná do céu seria o seu alimento, e somente esse. 


Cristo: O Alimento do Cristão 

Verdade seja que este maná era um sustento estranho, tal como um egípcio nunca poderia compreender, apreciar ou viver dele; porém aqueles que haviam sido "batizados... na nuvem e no mar" (1 Coríntios 10:2) podiam apreciá-lo e ser nutridos por ele, se tão-somente andassem em conformidade com esse batismo. Assim é agora no caso de todo o verdadeiro crente. O homem do mundo não pode compreender como é que o crente vive. Tanto a sua vida como aquilo que o mantém estão inteiramente fora do alcance da visão humana. Cristo é a sua vida, e de Cristo ele vive. Nutre-se, pela fé, com os atrativos poderosos d'Aquele que, sendo "Deus, bendito eternamente" (Romanos 9:15), "tomou sobre si a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens" (Filipenses 2:7). Segue-O desde o seio do Pai até à cruz e desde a cruz ao trono, e encontra n'Ele, em todas as fases da Sua carreira e em cada atitude da Sua vida, um alimento precioso para o homem novo em si. Tudo em volta, embora de fato seja o Egito, é moralmente um deserto árido e lúgubre, que nada produz para o espírito renovado; e precisamente na proporção em que o crente encontrar alguma coisa com que se nutrir, o seu homem espiritual será impedido no seu progresso. A única provisão que Deus tem feito é o maná do céu, e o verdadeiro crente deverá alimentar-se sempre dele. 

É verdadeiramente lamentável ver como tantos cristãos buscam as coisas deste mundo. Isto prova claramente que estão com "tédio" do maná celestial e que o consideram como "pão vil". Servem aquilo que deveriam mortificar. As atividades da nova vida estarão sempre em relação com a subjugação "do velho homem com seus feitos" (Colossenses 3:9); e quanto mais isto for conseguido, tanto mais se desejará nutrir "do pão que fortalece o... coração" (Salmo 104:15). Assim como acontece com o físico, em que quanto maior é o exercício maior é o apetite, assim também acontece com a graça: quanto mais exercitadas forem as nossas faculdades renovadas, tanto mais sentiremos a necessidade de nos alimentarmos diariamente de Cristo. Uma coisa é sabermos que temos vida em Cristo juntamente com pleno perdão e aceitação diante de Deus, e outra muito diferente termos habitualmente comunhão com Ele - nutrindo-nos d'Ele, pela fé e fazendo d'Ele o único alimento das nossas almas. Muitos professam ter achado perdão e paz em Jesus, mas, na realidade, alimentam-se de uma variedade de coisas que não têm relação com Ele. Alimentam os seus espíritos com a leitura dos periódicos e uma variedade de literatura frívola e insípida (em nossos tempos, se dedicam ao noticiário da TV, Internet, discussões em mídias sociais, teorias da conspiração...). 

É possível encontrar Cristo nestes locais? 

Acaso é por tais meios que o Espírito Santo fala de Cristo à nossa alma? 

São estas as gotas de orvalho puro sobre as quais o maná desce do céu para sustento dos remidos de Deus no Deserto? 

Ah! não; são produtos grosseiros sobre os quais se deleita o espírito carnal. Como poderia, pois, o verdadeiro cristão alimentar-se com tais coisas? Sabemos, mediante o ensino da Palavra de Deus, que ele tem duas naturezas: e pode perguntar-se qual das duas se alimenta com o noticiário do mundo e a literatura mundana. É a velha natureza ou a nova? Só pode haver uma resposta. Pois bem, qual das duas estamos ansiosos por alimentar. A nossa conduta dará, incontestavelmente, a verdadeira resposta a esta interrogação. Se eu desejar sinceramente crescer na vida divina, se o meu grande objetivo for o de ser semelhante e consagrado a Cristo, se suspiro sinceramente pela extensão do reino de Deus no meu coração, então, sem dúvida, buscarei continuamente essa qualidade de alimento que está destinado por Deus a promover o meu crescimento espiritual. Tudo isto é claro. Os atos de um homem são sempre o verdadeiro indício dos seus desejos e propósitos. Por isso, se vejo um crente deixar de lado a sua Bíblia, e, contudo, dispor de tempo - sim, parte do seu melhor tempo - para ler o jornal, não me será difícil ver qual é o verdadeiro estado da sua alma. Estou certo que não pode ser um crente espiritual: não se alimenta de Cristo, não vive para Cristo nem dá testemunho d'Ele. 

Se um israelita deixasse de apanhar, durante a frescura da manhã, a sua porção do alimento que a graça de Deus havia preparado, em breve sentiria a falta de forças para a sua jornada. Assim é conosco. Devemos fazer de Cristo o objeto supremo na ocupação das nossas almas, de outro modo a nossa vida espiritual declinará inevitavelmente. Nem tampouco podemos alimentar as nossas almas com os sentimentos e as experiências relacionadas com Cristo porque, sendo incertos, não podem representar o nosso alimento espiritual. 

Vivemos ontem de Cristo, que possamos viver hoje de Cristo e de Cristo para sempre. Além disso de nada vale alimentarmo-nos em parte de Cristo e em parte de outras coisas. Assim como no caso da vida é somente Cristo, da mesma forma o viver deve ser Cristo somente. Assim como não podemos misturar nada com aquilo que transmite a vida, tampouco podemos misturar alguma coisa com aquilo que a mantém. 

 
Notas sobre o Pentateuco - Mackintosh 

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Êxodo 16:1-12



(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)
 

Murmúrios antes de cruzar o Mar Vermelho (Êxodo 14:11-12), em Mara (Êxodo 15:24), novamente no deserto do Sinai (Êxodo 16:2), logo depois em Refidim (Êxodo 17:3)! 

Infelizmente, essa é uma imagem fiel de nossos corações, tão prontos para esquecer "a misericórdia de Deus que permanece para sempre". Poucos dias antes, esse povo cantava com todo o coração o cântico da libertação. Agora estão murmurando contra Moisés e contra Arão. Na realidade, suas queixas são contra Deus (versículo 8). Queridos crentes no Senhor, que possamos nos lembrar que se estamos descontentes com os outros ou com as circunstâncias em que nos encontramos, é na realidade com Deus que não estamos satisfeitos. 
 
E quanto a se preocupar com as coisas que precisamos para esta vida, não é uma afronta para Aquele que disse: "não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber... Basta a cada dia seu próprio mal" (Mateus 6:25, 34, ver também Salmo 23:1, 1 Timóteo 6:6 e 8)? Ele mesmo soube o que era estar no deserto e sentir fome lá. Mas, em perfeita submissão, rejeitou as artimanhas do tentador. Esperou em Deus, com plena confiança, a resposta para Suas necessidades. 
 
Que paciência por parte do SENHOR! Em vez de punir seu povo, começa mostrando para eles a Sua glória (versículos 7 e 10) e se compromete a satisfazer sua fome. Um dos maiores e mais duradouros milagres feitos por Deus para os Israelitas. Mais de 1.000 toneladas de maná devem ter caído do céu a cada dia durante quarenta anos. João 6:26 a 35, 48 a 58* é a lição espiritual para nós hoje. O próprio Cristo não é apenas nosso Salvador, mas Ele deve ser nosso "alimento" diário.


Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.


Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo. Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar as obras de Deus? Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado. Então, lhe disseram eles: Que sinal fazes para que o vejamos e creiamos em ti? Quais são os teus feitos? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer pão do céu. Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu; o verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá. Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo. Então, lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre desse pão. Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede. 
João 6:26-35

Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá. Este é o pão que desceu do céu, em nada semelhante àquele que os vossos pais comeram e, contudo, morreram; quem comer este pão viverá eternamente. 
João 6:48-58


quinta-feira, 11 de junho de 2020

Notas sobre Êxodo 15



...examinando as várias notas deste cântico, no capítulo 15 de Êxodo, não encontramos uma nota sequer acerca do ego nem dos seus feitos: tudo se refere ao Senhor desde o princípio ao fim. Começa assim: "Cantarei ao SENHOR, porque sumamente se exaltou; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro". Isto é uma amostra de todo o cântico. É um simples relato dos atributos e obras do Senhor. No capítulo 14 os corações dos israelitas haviam sido, com efeito, encurralados sob a pressão excessiva das circunstâncias; porém no capítulo 15 essa pressão é tirada, e os seus corações encontram plena saída num suave cântico de louvor. O ego é esquecido; as circunstâncias são perdidas de vista, e um só objeto enche a sua visão, e esse é o Próprio Senhor no Seu caráter e em Suas obras. Assim eles puderam dizer: "Pois tu, SENHOR, me alegraste com os teus feitos; exultarei nas obras das tuas mãos" (Salmo 92:4). Isto é culto verdadeiro. É quando o pobre ego, com tudo quanto lhe pertence, é perdido de vista e somente Cristo enche os nossos corações, que podemos oferecer a Deus culto verdadeiro. Os esforços de uma piedade carnal não são precisos para despertar na alma sentimentos de devoção. Não temos necessidade nenhuma de recorrer à pretendida ajuda da religião, assim chamada, para inflamar na alma a chama do culto aceitável a Deus. Ah! Não; deixai que o coração esteja ocupado somente com a Pessoa de Cristo, e os "cânticos de louvor" serão a consequência natural. É impossível que o olhar esteja fixado n'Ele sem que o espírito se curve em santa adoração. Se contemplarmos o culto dos exércitos celestiais, que rodeiam o trono de Deus e do Cordeiro, veremos que é sempre acompanhado da apresentação de algum traço especial das perfeições ou obras divinas. Assim deveria ser com a Igreja na terra; e quando é de outra maneira, é porque nos deixamos vencer por coisas que não têm lugar nas regiões da clara luz e da pura bem-aventurança. 

Deus: o Único Propósito do Louvor 
Em todo o culto verdadeiro, Deus é ao mesmo tempo o objeto do culto, o assunto do culto, e o poder do culto. 

Por isso neste capítulo de Êxodo encontra-se um belo exemplo de um cântico de louvor. É a linguagem de um povo redimido celebrando os louvores dignos d'Aquele que os redimiu. 

"O SENHOR é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação; este é o meu Deus; portanto, lhe farei uma habitação; ele é o Deus de meu pai; por isso o exaltarei. O SENHOR É varão de guerra; SENHOR é o seu nome... A tua destra, ó SENHOR, se tem glorificado em potência; a tua destra, ó SENHOR, tem despedaçado o inimigo... O SENHOR, quem é como tu entre os deuses?- Quem é como tu glorificado em santidade, terrível em louvores, operando maravilhas?-... Tu, com a tua beneficência, guiaste este povo, que salvaste; com a tua força o levaste à habitação da tua santidade... O SENHOR reinará eterna e perpetuamente". 

Quão compreensiva é a extensão deste cântico! Começa com a redenção e termina com a glória'. Principia com a cruz, e termina com o reino. É parecido com um belo arco-íris, do qual uma extremidade mergulha nos "sofrimentos" e a outra na "glória que se lhes seguiu" (1 Pedro 1:11). Tudo se refere ao Senhor. É o derramamento da alma produzido pela contemplação de Deus e das suas obras maravilhosas. 

Além disso, o cântico não para com o cumprimento dos desígnios de Deus, visto que lemos: "Com a tua beneficência guiaste este povo..., com a tua força o levaste à habitação da tua santidade". O povo podia dizer isto, embora acabasse apenas de pôr os seus pés nas margens do deserto. Não era uma expressão de uma vaga esperança. Tampouco era aproveitar uma escura oportunidade. Ah! não; quando a alma está inteiramente ocupada com Deus pode espraiar-se na plenitude da Sua graça, gozar da proteção da luz do Seu rosto, e deleitar-se na rica abundância das Suas misericórdias e da Sua bondade. As perspectivas que se abrem ante a alma estão livres de nuvens, quando ela, tomando o seu lugar sobre a rocha eterna em que o amor redentor se associou com um Cristo ressuscitado, contempla a abóbada espaçosa dos planos e propósitos infinitos de Deus e fixa o olhar no esplendor dessa glória que Deus preparou para todos aqueles que lavaram e branquearam os seus vestidos no sangue do Cordeiro. 

Isto explica-nos o caráter peculiarmente brilhante e elevado desses rasgos de louvor que encontramos através das páginas da Sagrada Escritura. A criatura é colocada de lado; Deus é o único objeto e enche toda a esfera da visão da alma. Nada há ali que pertença ao homem, nem aos seus pensamentos ou às suas experiências; e, portanto, a corrente de louvor corre copiosa e ininterruptamente. Quão diferente é tudo isto dos hinos que frequentemente ouvimos cantar nas reuniões cristãs, tão repletos das nossas faltas, das nossas fraquezas e das nossas deficiências! O fato é que nunca poderemos cantar com verdadeira inteligência espiritual e poder enquanto nos contemplarmos a nós próprios.
 
Descobriremos sempre qualquer coisa em nós que será um obstáculo para o nosso culto. De fato, muitos parecem crer que estar num estado de dúvida e hesitação é uma graça cristã; e, como resultado, os seus hinos são do mesmo caráter da sua condição espiritual. Estas pessoas, por muito sinceras e piedosas que possam ser, nunca, na verdadeira experiência das suas almas, compreenderam o próprio fundamento do culto. Ainda não puseram de parte o ego; não atravessaram ainda o mar; e, não tomaram ainda o seu lugar, como um povo espiritualmente batizado, na outra margem, no poder da ressurreição. Estão ainda, de um modo ou de outro, ocupadas consigo: não consideram o ego como uma coisa crucificada, com a qual Deus acabou para sempre. 

Que o Espírito Santo leve o povo de Deus a uma compreensão mais clara, plena, e digna do seu lugar e privilégios, como aqueles que, havendo sido lavados dos seus pecados no sangue de Cristo, são apresentados diante de Deus naquela aceitação infinita e pura em que Ele está, como Chefe ressuscitado e glorificado da Sua Igreja. As dúvidas e os temores não são próprios dos filhos de Deus, porque o seu divino penhor não deixou sombra de dúvidas, para que haja suspeita de temor. O seu lugar é no santuário. Têm "ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus" (Hebreus 10:19). Acaso podem existir dúvidas ou temores no santuário"? Não é evidente que aquele que duvida põe a perfeição da obra de Cristo - obra que foi confirmada, à vista da inteligência, pela ressurreição de Cristo de entre os mortos'?- O bendito Senhor não podia ter deixado a sepultura sem que todo o motivo de dúvida e de temor para o Seu povo tivesse sido inteiramente removido. Por esse motivo, é doce privilégio do cristão exultar na salvação completa. O próprio Senhor é a sua salvação, e ele tem apenas que gozar os frutos da obra que Deus fez por ele, e andar para Seu louvor enquanto espera pelo tempo em que "O SENHOR reinará eterna e perpetuamente". 

Existe uma nota neste cântico para a qual desejo chamar a atenção do leitor: "...este é o meu Deus; portanto, lhe farei uma habitação" (versículo 2). É um fato digno de notar que quando o coração transborda da alegria da redenção, então expressa o propósito de se consagrar referente à habitação fará Deus. 

Que o cristão pondere isto. O pensamento de Deus habitar com os homens acha-se nas Escrituras desde Êxodo, capítulo 15, ao Apocalipse. Escutemos a linguagem de um coração consagrado: "Certamente, que não entrarei na tenda em que habito, nem subirei ao leito em que durmo, não darei sono aos meus olhos, nem repouso às minhas pálpebras, enquanto não achar lugar para o SENHOR, uma morada para o Poderoso de Jacó" (Salmo 132:3-5). "Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim" (Salmo 69:9; João 2:17). Não pretendo tratar deste assunto aqui; porém, gostaria de despertar interesse por ele no coração do leitor, para que o estudasse, por si mesmo, com oração, desde a primeira vez que o encontramos nas Escrituras até chegar àquela consoladora declaração: "Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima"(Apocalipse 21:3-4). 


A Partida para o Deserto 

"Depois, fez Moisés partir os israelitas do Mar Vermelho, e saíram ao deserto de Sur, e andaram três dias no deserto; e não acharam águas" (versículo 22). E quando entramos na experiência do deserto que somos postos à prova, a fim de que se manifeste até que ponto conhecemos Deus e o nosso próprio coração. O princípio da nossa vida cristã é acompanhado por uma vivacidade e de um gozo exuberantes, que logo as rajadas de vento do deserto procuram deter; e então, a não ser que haja um profundo sentimento daquilo que Deus é para nós, acima e além de tudo mais, sentimo-nos desfalecer, e em nossos corações tornamos ao Egito (Atos 7:39). A disciplina do deserto é necessária, não para nos dar o direito a Canaã, mas para nos tornar familiarizados com Deus e os nossos próprios corações, para nos habilitar a compreendermos o poder do nosso parentesco e para nos dar capacidade para gozarmos da terra de Canaã, quando lá chegarmos (veja Deuteronômio 8:2-5). 

A verdura, a frescura e a exuberância da primavera têm atrativos peculiares, os quais desaparecem perante o calor abrasador do verão; porém, com os devidos cuidados, este mesmo calor que destrói os traços esplêndidos da primavera, produz os frutos maduros e sazonados do outono. O mesmo acontece na vida cristã; pois existe, como sabemos, uma analogia notável e profundamente instrutiva entre os princípios que regem o reino da natureza e aqueles que caracterizam o reino da graça, sendo uns e outros obra do mesmo Deus. 

Podemos contemplar Israel sob três posições distintas, a saber: 
no Egito, 
no deserto, e 
na terra de Canaã. 
Em todas estas posições, eles são "nossas figuras"; enquanto que nós nos achamos nas três ao mesmo tempo. De fato, nós encontramo-nos, por assim dizer, no Egito, rodeados de coisas da natureza, que se adaptam perfeitamente ao coração natural. Todavia, porquanto fomos chamados pela graça de Deus à comunhão de Seu Filho Jesus Cristo, nós, segundo os afetos e desejos da nova natureza, encontramos, necessariamente, o nosso lugar fora de tudo que pertence ao Egito (*) (o mundo no seu estado natural), e isto faz-nos passar pelas experiências do deserto, ou, por outras palavras, põe-nos, quanto à experiências, no deserto. 

A natureza divina suspira ardentemente por uma ordem de coisas diferentes - por uma atmosfera mais pura do que aquela que nos rodeia, e desta forma faz-nos sentir que o Egito é como um deserto moral. Porém, visto que estamos, aos olhos de Deus, eternamente ligados Aquele que penetrou nos céus, e se assentou à destra da Majestade, é nosso privilégio saber, pela fé, que estamos assentados com Ele ali (Efésios 2:6). De forma que, apesar de estarmos, quanto aos nossos corpos, no Egito, quanto à nossa experiência estamos no deserto, enquanto que, ao mesmo tempo, a fé nos conduz a Canaã e habilita-nos a alimentarmo-nos "do trigo da terra do ano antecedente" (Josué 5:11), isto é, de Cristo, como Aquele que não somente veio à terra, mas que voltou para o céu e Se assentou ali em glória. 
 
(¹) Existe uma grande diferença moral entre o Egito e Babilônia, que é importante conhecer. O Egito foi o país de onde veio o povo de Israel; Babilônia foi a terra para onde eles foram levados cativos mais tarde (comparar Amós 5:25-27 com Atos 7:42-43). O Egito significa aquilo que o homem fez do mundo; Babilônia expressa o que Satanás tem feito, faz ou fará da Igreja professa. Por isso, não estamos apenas rodeados das circunstâncias do Egito, como também pelos princípios morais de Babilônia. 

"E toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no deserto. E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera que nós morrêssemos pela mão do SENHOR na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes tirado para este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão (capítulo 16:2-3). 

Isto faz do “nosso tempo" o que o Espírito Santo considera "trabalhosos", “difíceis”. São necessárias a energia do Espírito de Deus e uma sujeição completa à autoridade da Palavra de Deus para se poder enfrentar a influência combinada das realidades do Egito e o espírito e os princípios de Babilônia. Aquelas satisfazem os desejos naturais do coração; enquanto estes se ligam e dirigem à religiosidade da natureza, que lhes dá um acolhimento peculiar no coração. O homem é um ente religioso e peculiarmente susceptível das influências da música, da escultura, da pintura, ritos pomposos e cerimônias. Quando estas coisas se acham ligadas com o suprimento das necessidades naturais-sim, com a facilidade e a luxúria da vida, nada senão o poder da Palavra de Deus e do Espírito pode manter alguém fiel a Cristo. 

Devemos notar também que existe uma grande diferença entre os destinos do Egito e os de Babilônia. O capítulo 19 de Isaías apresenta-nos as bênçãos que estão guardadas para o Egito. Esta é a conclusão: "E ferirá o SENHOR aos egípcios e os curará; e converter-se-ão ao SENHOR, e mover-se-á às suas orações, e os curará: ...Naquele dia, Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra. Porque o SENHOR dos Exércitos os abençoará, dizendo: Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança" (versículos 22-25). 

O fim da história da Babilônia é muito diferente quer o encaremos como uma cidade literal ou um sistema espiritual. "E reduzi-la-ei a possessão de corujas e a lagoas de águas; e varrê-la-ei com vassoura de perdição, diz o SENHOR dos Exércitos" (Isaías 14:23). "Nunca mais será habitada, nem reedificada de geração em geração" (Isaías 13:20). Isto quando a Babilônia, literalmente; sob o ponto de vista místico ou espiritual vemos o seu destino em Apocalipse, capítulo 18. Esse capítulo é uma descrição de Babilônia, e termina com estas palavras: "E um forte anjo levantou uma pedra como uma grande mó e lançou-a no mar, dizendo: Com igual ímpeto será lançada Babilônia, aquela grande cidade, e não será jamais achada" (versículo 21). 

Com que imensa solenidade deveriam essas palavras soar aos ouvidos de todos aqueles que estão ligados, de qualquer modo, com Babilônia-isto é, com a Igreja professa. "Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas" (Apocalipse 18:4). O "poder" do Espírito Santo operará necessariamente ou expressar-se-á numa certa "forma" de piedade, e o alvo do inimigo tem sido sempre defraudar a Igreja professa do poder, ao mesmo tempo que a induz a apoiar-se na forma e a perpetuá-la, imprimindo a forma depois de todo o espírito e a vida haverem desaparecido. É assim que ele edifica a Babilônia espiritual. As pedras com que esta cidade é edificada são os professos sem vida espiritual; e o martelo com que ele liga essas pedras é "a forma de piedade sem poder". 

Oh! prezado leitor, certifiquemo-nos de que compreendemos estas coisas plena e claramente. 

   
Mara: as Águas Amargas 

Os versículos finais deste capítulo mostram-nos Israel no deserto. Até aqui parece que tudo lhes havia corrido bem. Terríveis juízos haviam caído sobre o Egito, mas Israel fora perfeitamente excluído; o exército do Egito jazia morto nas praias do mar, mas Israel estava em triunfo. Tudo isto era bastante; mas, enfim, o aspecto das coisas depressa mudou! Os hinos de louvor foram depressa substituídos pelas palavras de descontentamento. "Então, chegaram a Mara; mas não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas: por isso, chamou-se o seu nome Mara. E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber (versículos 23 a 24). 

Eis aqui as provações do deserto. "Que havemos de comer" e "que havemos de beber" As águas de Mara puseram à prova o coração de Israel e mostraram o seu espírito murmurador; mas o Senhor mostrou-lhes que não havia amargura que Ele não pudesse dulcificar com a provisão da Sua graça: "...e o SENHOR mostrou-lhe um lenho que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces: ali lhes deu estatutos e uma ordenação, e ali os provou". Que formosa figura d'Aquele que foi, em graça infinita, lançado às águas da morte, para que essas águas nada mais nos pudessem dar senão doçura, para todo o sempre. Verdadeiramente, podemos dizer: "Na verdade já passou a amargura da morte", e nada mais nos resta senão as doçuras eternas da ressurreição.
 
O versículo 26 põe diante de nós o importante caráter desta primeira etapa dos remidos de Deus no deserto. Encontramo-nos em grande perigo, nesta hora, de cair num espírito mal disposto, impaciente de murmuração. O único remédio contra este mal é conservarmos os olhos postos em Jesus -"olhando para Jesus" (Hebreus 12:2). Bendito seja o Seu nome, Ele sempre Se mostra à altura das necessidades do Seu povo; e eles, em vez de se queixarem das suas circunstâncias, deviam fazer delas o motivo de se aproximarem mais d'Ele. É assim que o deserto se torna útil para nos ensinar o que Deus é. É uma escola na qual aprendemos a conhecer a Sua graça constante e os Seus amplos recursos. "E suportou os seus costumes no deserto por espaço de quase quarenta anos" (Atos 13:18). 

O homem espiritual reconhecerá sempre que vale a pena ter águas amargas para Deus as dulcificar: "...também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência, e a experiência, a esperança" (Romanos 5:3-5). 

 
Notas sobre o Pentateuco – Mackintosh